Os juros futuros encerraram a sessão desta terça-feira, 10, em queda, acompanhando de perto a dinâmica do mercado de Treasuries, que operou com yields em baixa firme. Com o recuo também do dólar e dos preços do petróleo, a curva local pode aparar excessos de prêmios embutidos na semana passada, especialmente na ponta longa, trecho que mais responde ao ambiente internacional. Além disso, houve uma melhora na percepção sobre os conflitos em Gaza, sem sinais concretos de envolvimento do Irã.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,76%, de 10,833% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2026 recuou de 10,66% para 10,56%. O DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 10,77% (10,89% na segunda-feira) e o DI para janeiro de 2029, taxa de 11,25%, de 11,38%.
A trajetória baixista foi proporcionada pelo alívio na curva dos Treasuries, segmento que havia provocado o "sell off" nos bônus globais na semana passada. Logo cedo, os yields se ajustavam às declarações da segunda-feira do vice-presidente do Federal Reserve, Philip Jefferson, ressaltando o impacto do aumento das taxas longas sobre as condições financeiras e admitindo que isso será levado em conta em suas próximas decisões.
Mais tarde, na mesma linha de Jefferson, o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, sem direito a votar nas reuniões deste ano, afirmou que os juros estão em níveis "suficientemente restritivos" para garantir o retorno da inflação à meta de 2% nos EUA, mas que ainda há um caminho até lá. Ainda, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, que vota este ano, admitiu que a alta nos juros dos Treasuries pode deixar "menos trabalho para o Fed".
"É justamente pelos exageros da semana passada que os diretores do Fed agora estão com discurso mais dovish, deixando os mercados mais tranquilos. E hoje ainda teve China", afirma a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, referindo-se às informações de que o país asiático está considerando elevar seu déficit orçamentário para 2023 para lançar uma nova rodada de medidas de estímulo para ajudar a economia.
No fim da tarde, o rendimento da T-Note de 2 anos se matinha abaixo dos 5% e o do papel de 10 anos, abaixo de 4,65%, depois de ter rompido 4,80% na semana passada. O desempenho dos Treasuries e a perspectiva sobre a China favoreceram moedas de economias emergentes e o câmbio no Brasil fechou em baixa de mais de 1%, aos R$ 5,0562.
Nas commodities, o petróleo teve baixa moderada, longe de devolver a escalada de 4% na segunda-feira. De todo modo, houve melhora no sentimento com relação ao conflito Israel-Hamas, dada a falta de sinais de apoio de outros países do mundo islâmico ao grupo extremista. Em especial, a ausência de evidências de envolvimento do Irã, grande produtor de petróleo, sugere que o confronto não deve se espalhar pelo Oriente Médio.
"Não vimos evidência de que o Irã tenha apoiado ou esteja por trás deste ataque", afirmou, em coletiva de imprensa, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Matthew Miller. Foi bem recebido também o reforço da Arábia Saudita ao compromisso em tentar evitar uma escalada da guerra em Israel, para além da Faixa de Gaza.