Taxas dos DIs caem após IPCA abaixo do esperado, mas cautela com política fiscal permanece

Publicado 09.10.2025, 16:50
Atualizado 09.10.2025, 16:56
© Reuters

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em baixa, na contramão do avanço dos Treasuries no exterior, após a inflação brasileira ficar abaixo do esperado em setembro e revelar desaceleração de preços em serviços, bens industriais e núcleos.

Apesar da boa notícia no campo inflacionário, investidores se mantiveram cautelosos em relação à política fiscal, após o Congresso arquivar a medida provisória sobre taxação de aplicações financeiras.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,39%, em baixa de 11 pontos-base ante o ajuste de 13,502% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2029 marcava 13,34%, ante o ajuste de 13,442%.

Entre os contratos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,705%, em baixa de 5 pontos-base ante 13,755%.

Na abertura da sessão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,48% em setembro, abaixo do 0,52% projetado por economistas consultados pela Reuters. Em 12 meses até setembro a inflação atingiu 5,17%, ante projeção de 5,22%.

Além do resultado cheio abaixo do esperado, a abertura do indicador trouxe uma série de dados favoráveis. A inflação de serviços foi de 0,13% em setembro, abaixo do 0,39% de agosto, enquanto a taxa de aumento dos bens industriais foi de 0,05% no mês passado, contra 0,17% um mês antes, conforme cálculos do banco Bmg. A média dos núcleos de inflação subiu 0,19% em setembro, ante 0,30% em agosto, informou o Bmg.

Em reação, as taxas dos DIs cederam desde o início da sessão, ainda que no exterior os rendimentos dos Treasuries avançassem.

“Apesar da surpresa benigna, o cenário ainda é de cautela por parte do BC e não altera nossa perspectiva de juros em 15% no final do ano”, pontuou o banco Daycoval em relatório publicado após o IPCA.

Durante a manhã, em evento em São Paulo, o diretor de Política Monetária​ do Banco Central, Nilton José David, reiterou a mensagem de manutenção da taxa básica Selic em 15% por um período prolongado, para reconduzir a inflação à meta. Ao mesmo tempo, ele afirmou que a instituição não terá "nenhum problema" em subir novamente a Selic se necessário.

O centro da meta contínua de inflação do BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (taxa até 4,5%).

Perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava em 100% a probabilidade de manutenção da Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.

Ainda que o IPCA tenha motivado a redução de prêmios na curva nesta quinta-feira, os investidores se mantinham atentos à Brasília. Isso porque a Câmara dos Deputados na noite de quarta-feira retirou de pauta a MP 1303, que tratava da taxação de aplicações, o que levou à perda de validade da principal proposta de ajuste das contas do Executivo.

Na prática, o texto foi rejeitado sem sequer ter tido o mérito analisado. A MP teria impacto fiscal de R$14,8 bilhões em 2025 e de R$36,2 bilhões em 2026, considerando as novas receitas previstas e os cortes de despesas, conforme o Ministério da Fazenda.

Em entrevista à rádio Piatã, da Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou antes da abertura dos mercados que discutirá na próxima semana como o sistema financeiro, especialmente as fintechs, pode pagar o imposto devido, após a queda da MP.

Na chegada ao Ministério da Fazenda na manhã desta quinta-feira, o ministro Fernando Haddad afirmou que apresentará a Lula várias alternativas à MP.

Ao mesmo tempo, Haddad pontuou que o Supremo Tribunal Federal garantiu "prerrogativas do presidente". "Isso nos dá conforto para chegar até o final do ano", afirmou, sem entrar em detalhes.

Em 16 de julho, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, concedeu liminar que retomava a vigência da maior parte de um decreto de Lula que elevava alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre uma série de operações. A validade deste decreto era motivo de disputa entre governo e Congresso no Supremo. Posteriormente, o governo negociou com o Congresso a MP 1303 -- agora arquivada -- justamente para substituir o aumento do IOF.

No exterior, às 16h35 o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 1 ponto-base, a 4,14%, na esteira de um leilão de títulos de 30 anos do Tesouro norte-americano.

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