Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de 50,74 milhões de toneladas de cana por usinas e destilarias do centro-sul do Brasil nos últimos 15 dias de julho representa o recorde histórico de processamento para uma quinzena, com o tempo seco favorecendo os trabalhos de campo, afirmou nesta sexta-feira a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).
A Unica ponderou, contudo, que o tempo seco de agora deve ser prejudicial para a cana que será colhida mais adiante na safra 2017/18, iniciada em abril.
Contando com um longo período sem chuvas, as empresas esmagaram na segunda metade do mês passado 2,64 por cento mais cana ante igual período de 2016. O volume ficou ligeiramente acima do esperado por analistas. O açúcar bruto operava perto de uma estabilidade em Nova York, às 11:37 (horário de Brasília).
"A condição climática caracterizada pelo clima seco observado há quase dois meses nas principais regiões produtoras do centro-sul favoreceu a operacionalização da colheita nas últimas quinzenas, mas deve acentuar a queda de produtividade agrícola da área que será colhida nos próximos meses de safra", afirmou a entidade.
"No início da safra, as condições climáticas e os índices registrados no campo indicavam uma recuperação da produtividade, mesmo com um canavial mais envelhecido. Essa percepção tem sido drasticamente alterada após esse período prolongado sem chuva", acrescentou a associação.
Citando dados do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a Unica destacou que, de abril a julho, a retração no rendimento das plantações foi de 2,91 por cento, para 82,44 toneladas por hectare, na comparação com o mesmo período do ano passado.
A produção de açúcar do centro-sul do Brasil na segunda quinzena de julho somou 3,413 milhões de toneladas, 9,54 por cento acima do mesmo período do ano passado, enquanto a produção de etanol atingiu no período 2,08 bilhões de litros, praticamente estável na comparação anual, segundo a Unica.
No acumulado da temporada, a moagem de cana alcança 297,32 milhões de toneladas, 4,74 abaixo de um ano atrás.
De abril a julho, o centro-sul produziu 17,56 milhões de toneladas de açúcar (mais 3,48 por cento) e 11,57 bilhões de litros de etanol (menos 10,15 por cento).
Esse desempenho reflete o mix de produção mais açucareiro neste ano, com as usinas fabricando o alimento para cumprir contratos fechados quando as cotações da commodity estavam em preços mais altos.
Até agora na safra 2017/18, 48,43 por cento da oferta de matéria-prima foi direcionada para a produção de açúcar, contra 44,85 por cento no ano passado.