BARCELONA (Reuters) - A Telecom Italia está aberta para considerar uma fusão ou venda de seu negócio de telefones móveis no Brasil no próximo ano com a rival doméstica Oi, se esta conseguir solucionar suas dívidas e problemas regulatórios, disse o presidente executivo Marco Patuano.
A operadora italiana, dona da segunda maior operadora do Brasil, TIM Participacoes, ainda não decidiu se gostaria de manter controle em um acordo com a Oi e está aberta a todas as opções, ele adicionou.
O mercado brasileiro, dominado por quatro operadoras, foi atingido duramente pela recessão e o declínio do real. A chance de consolidação voltou à cena nas últimas semanas após a empresa de investimentos russa Letter One se oferecer para injetar até 4 bilhões de dólares na Oi se um acordo com a TIM l for atingido.
A Letter One, que é financiada pelo bilionário russo Mikhail Fridman, já entrou em sete meses de negociações exclusivas com a Oi para esta finalidade.
Executivos do setor de três das quatro operadoras de telecomunicações brasileiras disseram em uma conferência da indústria em Barcelona esta semana que o resultado dependeria principalmente de quando a Oi reduzir suas dívidas e as regras forem flexibilizadas no mercado de telefonia fixas em aspectos como obrigações de cobertura universal.
O governo pode fazer proposta para mudar regras de concessão de telefonia de linha fixa em cerca de 10 semanas, disse o presidente executivo da Oi, Bayard Gontijo nesta quinta-feira.
Patuano, da Telecom Italia, disse que ainda precisa ser observado se a Oi consegue ou não encontrar uma solução para seus problemas financeiros.
"Muitas pessoas dizem que a estrutura financeira da Oi precisa ser trabalhada de alguma forma em 2016. Trabalhar na estrutura financeira e não na parte operacional seria uma oportunidade perdida", disse ele em reunião com investidores feita pelo Morgan Stanley (N:MS), referindo-se à ideia de um acordo.
"Então acredito que 2016 será um ano mágico para a Oi encontrar uma solução, qualquer que seja ela."
A combinação da TIM e da Oi reuniria a dona da maior rede de telefonia fixa no Brasil com a segunda maior operadora móvel, criando uma companhia integrada mais preparada para competir com a Telefonica (MC:TEF) e America Movil.
Tal acordo tem sido estudado por ambos os lados diversas vezes nos últimos anos, mas a fraqueza da Oi e a cautela da Telecom Italia sobre se desfazer de um ativo valioso dificultou o acordo, disseram analistas.
"Era um acordo difícil quando o observamos antes e ainda é difícil", disse Patuano. "Mas a atitude da Telecom Italia tem sido e permanecerá muito pragmática. Consideraremos todas as opções e hoje isto inclui avaliar o que acontece com a Oi."
Patuano disse que falou com executivos da Letter One antes de anunciarem seu interesse no Brasil, dizendo que as discussões foram informais e introdutórias. Ele disse que nenhuma conversa direta com a Oi havia começado.
Alguns permanecem céticos de que a muito aguardada consolidação móvel irá acontecer de fato.
Carlos Garcia Moreno, presidente executivo da America Movil, dona da maior operadora de TV paga e terceiro maior grupo de telefonia móvel do Brasil disse que a dívida da Oi era uma "pílula de veneno para qualquer investidor estratégico".
"Não sei se qualquer coisa pode realmente acontecer com a Oi no estado em que está", disse Garcia Moreno na conferência.
"Para qualquer um que queira adquirir a Oi, é basicamente como se amarrar a uma bola de canhão e pular na água."
(Por Leila Abboud; reportagem adicional de Guillermo Parra-Bernal)