Por Leonardo Goy e Guillermo Parra-Bernal
BRASÍLIA/NOVA YORK (Reuters) - A Telefónica anunciou que indicará o presidente da GVT, Amos Ganish, como novo presidente da Telefônica Brasil, no mesmo dia em que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, mediante condições, a compra da operadora de banda larga brasileira pelo grupo espanhol.
A previsão é que Ganish ocupe a posição após a conclusão da operação, o que deverá ocorrer no primeiro semestre deste ano. Até a eleição do executivo, o cargo será ocupado interinamente por Alberto Horcajo, atual diretor de finanças e de relações com investidores, que acumulará também a função de diretor-geral executivo. A Telefônica Brasil opera com a marca Vivo no Brasil.
Nesta quarta-feira, o Cade deu luz verde à compra da GVT pela Telefónica com a condição, entre outras, de que a operadora espanhola saia do capital da Telecom Italia em até quatro meses após a assinatura do termo de compromisso. A Telecom Italia é dona da TIM Participações no Brasil.
Na operação de compra da GVT, o grupo espanhol já se comprometeu a transferir para a Vivendi (PARIS:VIV), dona da GVT, 8,3 por cento da participação na Telecom Italia. Os 6,5 por cento remanescentes da fatia do grupo espanhol na companhia italiana terão de ser vendidos em prazo de até quatro meses.
O Cade também aprovou a cisão da Telco, holding com participação na Telecom Italia da qual a Telefónica é acionista.
Como parte da operação de venda da GVT, a Vivendi, além da participação na Telecom Italia, também passará a deter presença na Telefônica Brasil.
No acordo, a Vivendi comprometeu-se a vender, gradativamente, sua participação na Telefônica Brasil, em prazo e patamares não divulgados pelo Cade, por serem informações confidenciais. Enquanto essa venda de ações não for concluída, os direitos políticos da Vivendi na Telefônica Brasil ficarão suspensos.
Segundo o Cade, Telefónica e Vivendi não poderão acessar ou compartilhar informações e estratégias relativos a empresas dos dois grupos e da Telecom Italia, referentes ao setor de telecomunicações.
Os acordos fechados com o Cade preveem também medidas referentes à atuação, no mercado brasileiro, da Telefôncia e da GVT. O órgão antitruste exige a manutenção das ofertas e dos serviços atualmente disponibilizados pelas duas companhias.
COMPETIÇÃO
A compra da GVT faz a Telefônica Brasil ganhar peso no mercado de banda larga fixa, disse Ari Lopes, analista da consultoria Ovum, podendo disputar de igual para igual com a NET, do grupo América Móvil, que atualmente lidera esse mercado.
Além disso, a aprovação da compra permite à Telefônica Brasil envolver-se em novas aquisições, caso assim desejar, disse o analista.
"Vai poder escolher, caso o mercado se movimente para uma consolidação, se quer ou não participar", disse, completando que, por estar em situação de liderança confortável, uma nova consolidação não é urgente para a Telefônica Brasil.
Em comunicado, a Telefónica disse que, com a GVT, o grupo "reafirma sua confiança no Brasil e no potencial de seu mercado de telecomunicações".
A operadora espanhola também aprovou nesta quarta-feira aumento de capital de 3,048 bilhões de euros, com um forte desconto sobre o preço de fechamento das ações, em uma operação que permitirá financiar parte da compra da GVT.
Fontes com conhecimento do assunto disseram à Reuters que a Telefônica Brasil realizará um aumento de capital de 4 bilhões de dólares nos próximos dias, que serão subscritos pela Telefónica na proporção à sua participação de 74 por cento em sua filial.
A Telefônica Brasil prevê precificar a oferta de ações em 16 de abril e 14 bancos devem coordenar a operação no Brasil, disseram fontes.
As ações da operadora fecharam em alta de 0,2 por cento, enquanto o Ibovespa teve valorização de 0,68 por cento. Os papéis da TIM avançaram 1,06 por cento.
(Reportagem adicional Luciana Bruno, do Rio de Janeiro)