SÃO PAULO (Reuters) - A Confederação Nacional do Transporte (CNT) afirmou nesta quinta-feira que não apoia o movimento de caminhoneiros autônomos que tenta articular uma greve da categoria no país a partir da próxima segunda-feira.
"Se houver algum movimento dessa natureza, as transportadoras garantem o abastecimento do país, desde que seja garantida a segurança nas rodovias", afirmou a entidade em curto comunicado à imprensa.
A instituição afirma que reúne 26 federações e quatro sindicatos nacionais, abrangendo 155 mil empresas.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro apelou aos caminhoneiros para que não levem adiante a greve do setor e afirmou que o governo estuda alternativas para reduzir o PIS/Cofins para reduzir o preço do diesel, mas que a solução não é fácil.
Porém, nesta quinta-feira, o presidente da Petrobras (SA:PETR4), Roberto Castello Branco, afirmou que a ameaça de paralisação dos caminhoneiros, que conta com apoio dos petroleiros, não é problema da estatal, que segue praticando preços de paridade internacional. O preço do diesel é um dos principais pontos de queixa dos motoristas.
O chamado de greve, feito já há algumas semanas por entidades menores de caminhoneiros, ganhou adesão da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística (CNTTL), uma das principais entidades da categoria no país.
Mas o movimento mostra-se dividido, com a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) afirmando que o momento escolhido para a paralisação não é o melhor diante dos impactos da pandemia de Covid-19 pelo país e do cenário demandante de transporte gerado pela da safra de grãos do país. A CNTA, porém, afirma que "apoiará a decisão da maioria".
Em 2018, uma greve de caminhoneiros, que contou com apoio de empresários do setor de transportes, paralisou o país por 11 dias em maio, gerando impactos na economia que perduraram ao longo de todo aquele ano.
O movimento foi encerrado após o governo do presidente Michel Temer ceder à pressão dos motoristas e aceitar criar uma tabela de frete mínimo, que passou a enfrentar oposição do setor produtivo, com a disputa em torno da legalidade da criação da tabela ficando parada no Supremo Tribunal Federal desde então.
(Por Alberto Alerigi Jr.)