Bruxelas, 14 mai (EFE).- A União Europeia (UE) decidiu nesta segunda-feira esperar até o último momento para decidir sobre um possível boicote político às partidas da Eurocopa que serão disputadas na Ucrânia em resposta à situação da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, mas descartou um boicote esportivo à competição.
"Não há a hipótese de um boicote esportivo, de qualquer forma as equipes estarão lá", explicou em entrevista coletiva o ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo.
Fontes da UE confirmaram à Agência Efe que, por enquanto, o bloco não cogitou retirar as seleções nacionais da Eurocopa, mas o debate se centra na conveniência ou não que representantes políticos viajem à Ucrânia. Neste ponto, as posturas foram "diversas", segundo García-Margallo, portanto o que "foi decidido é esperar até o último momento para adotar uma posição comum" por causa da situação da líder opositora ucraniana, que está presa.
Segundo o ministro espanhol, entre as possibilidades que estão sobre a mesa há a de não enviar nenhuma autoridade política aos partidos ou a fazê-lo, mas com uma "advertência prévia para que isso não represente aprovar uma conduta que consideramos contrária ao estado de direito".
A chefe da diplomacia comunitária, Catherine Ashton, ressaltou por sua vez que ainda não chegou o momento de tomar uma decisão sobre a presença institucional na Eurocopa, embora tenha dado seu apoio à Comissão Europeia e às autoridades dos países que já decidiram não comparecer à Ucrânia.
Na mesma linha, o ministro de Relações Exteriores da Holanda, Uri Rosenthal, declarou que o governo ucraniano "ainda tem tempo de fazer o que é preciso: mostrar uma melhora visível da situação da senhora Tymoshenko".
Outros, como seu colega belga, Didier Reynders, consideraram no entanto que o boicote político é "indispensável".
Ashton, que amanhã receberá em Bruxelas o primeiro-ministro ucraniano, Mykola Azarov, espera que Kiev exponha sua postura e traga algum compromisso que permita melhorar as relações com a UE.
Os 27 países-membros do bloco e a Ucrânia fecharam um acordo comercial e de associação política, mas que está pendente de assinatura por causa da preocupação da UE pelo caso Tymoshenko e as dúvidas sobre a Justiça e o respeito aos direitos básicos no país do leste europeu.
"Nós queremos assiná-lo, mas a Ucrânia deve demonstrar que compartilha nossos valores", disse hoje Ashton.
Segundo a alta representante, a UE vai acompanhar muito de perto o desenvolvimento das eleições parlamentares de outubro deste ano, que serão cruciais para sua avaliação da realidade ucraniana. EFE