Por Gabriel Crossley
PEQUIM (Reuters) - A União Europeia não quer escalar a tensão com a China, e a situação de um acordo de investimento travado é menos dramática do que as pessoas pensam, disse o embaixador do bloco em Pequim nesta sexta-feira.
Em março, a UE impôs suas primeiras sanções significativas contra autoridades da China desde 1989 devido aos supostos abusos de direitos humanos na região chinesa de Xinjiang, em meio a uma investida dos Estados Unidos para induzir seus aliados a se contraporem à política externa cada vez mais assertiva de Pequim.
A China, que nega as alegações, reagiu colocando alguns parlamentares e entidades da UE em uma lista negra, e o progresso em um grande acordo de investimento travou à medida que as relações se tensionaram.
Em declaração a repórteres, o embaixador da UE, Nicolas Chapuis, disse que o bloco não será impedido de dizer o que quer.
"Não estamos buscando... uma escalada, mas nada impedirá a União Europeia de dizer o que quer dizer onde quer que o deseje", afirmou.
A Comissão Europeia, o Executivo do bloco, está interrompendo os esforços para promover o acordo de investimento abrangente, reconhecendo que terá dificuldade de obter o apoio do Parlamento Europeu enquanto parlamentares estiverem sob sanções.
Mas Chapuis disse que a situação do acordo não é tão desoladora.
"A situação é menos dramática do que as pessoas parecem pensar. Ainda estamos trabalhando muito estritamente com o Ministério do Comércio (chinês)", acrescentou.
Ele disse que nada impede a China de ratificar o pacto perante a Europa e que anseia pela ratificação rápida de Pequim, mas que é preciso criar "espaço político" para o Parlamento Europeu aprová-lo.
"Hoje é cedo demais para dizer se este espaço político estará disponível, e grande o bastante, suficiente o bastante."
Em uma recepção da UE pouco depois dos comentários de Chapuis, o vice-ministro das Relações Exteriores chinês, Qin Gang, disse que os dois lados deveriam impulsionar uma implantação rápida do acordo de investimento.
A China espera que a UE consiga vê-la "objetiva e racionalmente", disse Qin.