Rosa Jiménez.
Bruxelas, 24 jan (EFE).- Os países da União Europeia (UE) e da América Latina e do Caribe, reunidos pela primeira vez sob a insígnia da CELAC, darão em sua cúpula do Chile um novo impulso a sua relação, centrada nesta ocasião no fomento de investimentos que promovam a qualidade social e ambiental.
Os 27 Estados-membros da UE e os 33 da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) buscarão avançar rumo a uma "Aliança para um Desenvolvimento Sustentável" em sua reunião dos próximos dias 26 e 27 em Santiago do Chile.
A UE espera reafirmar a "natureza estratégica" de uma relação iniciada em 1999 e baseada em "valores comuns", segundo o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy.
"Nossa duradoura associação se baseia na convicção que ambas partes têm interesses comuns no mundo interdependente de hoje e se beneficiam mutuamente trabalhando juntas", acrescentou o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, em comunicado.
As conclusões adotadas pela UE e pela CELAC, assim como o renovado plano de ação para os próximos dois anos, conterão alusões a investimentos transparentes, não discriminatórios e estáveis que deem certeza legal aos empresários, segundo uma minuta dos documentos ao quais a Agência Efe teve acesso.
A UE continua sendo o principal investidor estrangeiro na região, onde acumulou um investimento estrangeiro direto de 385 bilhões de euros em 2010 (maior que o investimento europeu na Rússia, China e Índia juntos), o que representou 43% do total na região, explicou o diretor para as Américas do Serviço Europeu de Ação Exterior, Christian Lefler.
A fim de reforçar esses laços econômicos, o vice-presidente da Comissão Europeia e titular de Indústria, Antonio Tajani, viajará ao Chile com 50 representantes de companhias europeias para participar da cúpula empresarial entre as regiões dos dias 25 e 26.
"A América Latina não reduziu seus índices de investimento e cada vez vemos mais empresas mexicanas e latino-americanas se aventurando na Europa e comprando companhias em dificuldades ou investindo junto com empresas europeias", declarou à Efe a embaixadora do México em Bruxelas, Sandra Fuentes-Berain.
Para a embaixadora, América Latina e Caribe podem ser "parte da solução" da crise econômica que a Europa tenta superar.
"Pela primeira vez, a América Latina não é um problema, mas parte da solução, e não só porque é hoje um lugar que cresce e onde se pode fazer negócios", comentou o embaixador do Chile em Bruxelas, Carlos Appelgren.
Destacou também que a nova arquitetura financeira internacional, "que está surgindo primeiro na UE para depois tornar-se global, vai beneficiar a todos".
"A CELAC é parte da resposta à crise europeia, mas ser parte da resposta é também parte de nosso futuro", concordou o embaixador colombiano na capital belga, Rodrigo Rivera Salazar.
O comissário europeu de Comércio, Karel De Gucht, viajará também a Santiago para abordar os últimos trâmites para a entrada em vigor do acordo de livre-comércio com Colômbia e Peru e o de associação com a América Central (Costa Rica, Nicarágua, Honduras, El Salvador, Panamá e Guatemala).
"Se você olhar o mapa, do México à Patagônia vai haver uma zona de livre-comércio com a UE. Isso vai impactar de maneira muito positiva nesta relação", ressaltou Rivera.
"Sem dúvida, (estes acordos) são uma grande contribuição, são parte do processo de consolidação da aliança estratégica entre UE e CELAC", disse por sua parte o embaixador chileno.
Em sua opinião, "hoje a América Latina está em melhor posição para expressar suas inquietações em temas comerciais, e isso faz bem à UE, contribui ao desenvolvimento, ao crescimento".
A UE e os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela, que participa por enquanto nas negociações com a UE como observador) terão uma reunião ministerial para avaliar o estado dos trabalhos em direção a um acordo de associação.
Fontes da UE informaram à Efe que não será realizada uma nova rodada de negociações e lembraram que o bloco europeu está à espera que o Mercosul se movimente na apresentação das primeiras ofertas oficiais de acesso aos mercados.
Além disso, apontaram que a UE e México e Chile revisarão as opções para uma possível modernização de seus acordos, que já têm mais de dez anos.
O comércio de bens entre a UE e a América Latina duplicou na década passada até 214 bilhões de euros, o que representa 6,5% do comércio total do bloco europeu. EFE