Por Gabriela Baczynska e William James
BRUXELAS/LONDRES (Reuters) - O Reino Unido e a União Europeia (UE) fizeram poucos progressos em direção a um acordo sobre as relações futuras em negociações desta semana, e os principais negociadores culparam uns aos outros pelo impasse à medida que o tempo segue em direção ao prazo do final do ano.
"Aqueles que esperavam que as negociações avançassem rapidamente nesta semana ficarão desapontados", disse o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, em entrevista coletiva após dois dias inteiros de negociações em Bruxelas.
Seu equivalente britânico, David Frost, afirmou que um acordo sobre as relações pós-Brexit "ainda é possível" e que ainda é o objetivo de Londres, mas que não será tão fácil de ser alcançado.
"Existem... áreas significativas que ainda precisam ser resolvidas e mesmo onde há um amplo entendimento entre os negociadores, há muitos detalhes a serem trabalhados", disse Frost em um comunicado. "O tempo é curto para os dois lados."
Autoridades britânicas disseram que Londres está disposta a falar sobre qualquer assunto e que a insistência da UE para que o Reino Unido aceite sua posição sobre ajuda estatal e pesca indica que Bruxelas foi responsável por retardar as negociações.
Em 31 de janeiro, o Reino Unido se tornou o primeiro país a deixar a UE, que aderiu ao bloco em 1973.
O relacionamento entre ambos agora é regido por um acordo de transição que mantém as regras anteriores em vigor enquanto eles negociam uma nova parceria, com vigência a partir de 2021, em relação a tudo, desde comércio e transporte até energia e segurança.
A UE afirma que o Reino Unido só poderá negociar livremente com seu lucrativo mercado único de 450 milhões de habitantes se Londres aceitar regras de "igualdade de condições" para garantir uma concorrência justa.
Sem um acordo, os laços comerciais e financeiros entre a quinta maior economia do mundo e o maior bloco comercial seriam rompidos, potencialmente aprofundando a crise econômica causada pela pandemia de Covid-19.
As divergências sobre as regras de auxílio estatal e cotas de pesca até agora impediram um acordo, que a UE diz que deve ser feito a tempo de ser aprovado na cúpula dos 27 líderes nacionais do bloco, em 15 a 16 de outubro, para permitir a ratificação neste ano.
Além dos maiores obstáculos, as diferenças também perduram nas discussões sobre imigração, segurança, mecanismos de solução de controvérsias, garantias de direitos humanos e outras áreas.
(Reportagem adicional de John Chalmers, Kate Holton e Kate Abnett)