SÃO PAULO (Reuters) - A Vale informou que transferiu nesta sexta-feira sua participação acionária na joint venture com a BSG Resources na Guiné para a companhia, mas ressaltou que isso não significa qualquer renúncia no direito da mineradora de cobrar da BSGR a perda dos investimentos na parceria.
O governo da Guiné revogou os direitos minerários da joint venture VBG em abril de 2014 sem qualquer constatação de irregularidades por parte da Vale, disse a mineradora.
O governo da Guiné apontou irregularidades da parte da BSGR, acusando braço de mineração do bilionário israelense Beny Steinmetz de obter os direitos de concessão por meio de corrupção.
Os direitos da Vale incluíam o depósito gigante de minério de ferro de Simandou.
Após a obtenção dos direitos minerários, a BSGR vendeu 51 por cento de seus ativos na Guiné para a Vale em 2010, quando foi criada a VBG, em um negócio de 2,5 bilhões de dólares.
A Vale pagou 500 milhões de dólares no ato, com pagamentos futuros condicionados ao cumprimento de metas de produção.
Durante a divulgação de resultados do quarto trimestre de 2014, a Vale informou uma baixa contábil de 1,676 bilhão de reais no projeto de minério de ferro de Simandou, complementando uma baixa contábil de 1,118 bilhão de reais reconhecida no segundo trimestre de 2014, "à medida que discussões com o governo do país (Guiné) não progrediram da forma esperada e as incertezas aumentaram em relação ao reconhecimento e à compensação dos investimentos da Vale no local".
A BSGR rejeitou acusações de irregularidades e iniciou uma arbitragem internacional para manter seus direitos.
No mês passado, o governo da Guiné afirmou que esperava começar um leilão pelos direitos minerários de metade da reserva de Simandou --uma das maiores áreas inexploradas de minério do mundo-- nos próximos dois meses.
(Por Roberto Samora)