SÃO PAULO (Reuters) - Executivos de grandes empresas do varejo brasileiro preveem um ritmo de crescimento geral pouco animador para o setor em 2015, com o apetite dos consumidores sendo negativamente impactado pela realização de necessários ajustes na economia.
Para o presidente da varejista de moda Riachuelo, Flávio Rocha, o momento será de consolidação do setor, com as redes de maior musculatura mantendo planos de investimento para ganhar participação de mercado.
"Riachuelo será exemplo disso", afirmou o executivo, às margens de evento do Instituto do Desenvolvimento do Varejo (IDV) nesta quinta-feira, entidade presidida por Rocha que reúne uma série de varejistas de grande porte.
Após o Banco Central elevar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual na véspera, a 11,75 por cento ao ano, o presidente da empresa de meios de pagamento Cielo, Rômulo Dias, avalia que o aperto monetário é "remédio necessário para trazer inflação para centro da meta", a despeito de promover um encarecimento no crédito, uma das molas propulsoras do consumo.
"O ano será desafiador e em certa medida isso já está dado", disse o executivo. "A gente tem que ter paciência. Não dá para dizer nem que 2016 será tão melhor que 2015."
O presidente da rede de eletroeletrônicos Cybelar, Ubirajara Pasquotto, vê o horizonte do próximo ano com cautela e admite que o crescimento da rede será "seguramente menor" que o deste ano.
"A gente diminui a velocidade, mas não para o carro", afirmou ele, completando que o aperto monetário que ainda deve seguir pela frente pode, por outro lado, aumentar a confiança dos empresários de que o governo está fazendo sua parte, aumentando o nível de investimentos das companhias no médio prazo.
Na contramão dos executivos, a diretora-presidente da varejista de móveis e eletroeletrônicos Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, afirmou que segue otimista, se limitando a dizer que a companhia viu neste ano "alguns segmentos (com desempenho) muito bons".
(Por Marcela Ayres)