Por Laura Sanchez
Investing.com - Os mercados europeus começam esta segunda-feira com alta -Ibex 35, CAC 40, DAX -, com ganhos notáveis. Os investidores parecem querer deixar para trás um ano ruim para as bolsas. “Os principais índices europeus tiveram seu pior desempenho desde 2018 em 2022, enquanto os de Wall Street não enfrentavam um exercício tão negativo desde 2008”, apontam no Link Securities.
Especialistas enfatizam que atenção especial deve ser dada a esses fatores:
1. Inflação. “A variável cujo comportamento tem sido decisivo para os mercados em 2022, a inflação elevada, também continuará a sê-lo no ano que hoje começa. Embora seja verdade que muitos investidores dão por certo que em 2023 as políticas monetárias restritivas acabarão por conseguir controlá-la, não temos a certeza de que assim seja”, explicam no Link Securities.
Segundo estes analistas, a reabertura da economia chinesa, que numa primeira fase poderá provocar novas tensões nas cadeias de abastecimento globais e poderá levar a aumentos indesejados dos preços de muitas matérias-primas e petróleo.
"Se a alta inflação não der sinais claros de que está começando a diminuir, os mercados de títulos e ações continuarão sob pressão", alertam os especialistas.
2.China. Os especialistas não perdem de vista o gigante asiático num contexto de elevado contágio e com o risco de o mercado questionar o ritmo de reabertura da sua economia. “Alguns estudos mostram que o número de infecções pode atingir máximos em janeiro, chegando a cerca de 3,7 milhões de casos por dia. Teremos de estar muito atentos à forma como evolui esta vaga de infeções que a China está a viver, que poderá ter um impacto negativo no crescimento económico, voltar a colocar as cadeias de abastecimento mundiais sob tensão e a médio prazo ter efeitos negativos na inflação”, apontam em Renta 4 (BME :RTA4).
3. Bancos centrais. “Os bancos centrais são sérios e farão o que for preciso com as taxas e cortando seus balanços volumosos para controlar a inflação. Não vemos razão para que, enquanto a inflação fique longe da meta de 2%, os bancos centrais vão 'levantar o pé do acelerador', mesmo que sua postura leve algumas das principais economias desenvolvidas à recessão”, ressaltam em Link Securities.
4. Resultados de empresas. “A maior ou menor revisão em baixa que as próprias empresas e os analistas que as cobrem façam das suas estimativas de resultados dependerá da profundidade do abrandamento do crescimento económico mundial, revisões que vão determinar em grande medida o comportamento destas empresas e das bolsas como um todo”, explicam no Link Securities.
Como investir?
A recomendação da Link Securities é de cautela. "Pelo menos até que o cenário macroeconômico global seja esclarecido, manteríamos uma postura conservadora e prudente, depositando alguma liquidez em nossas carteiras, pois, muito provavelmente, a situação nos mercados voltará a piorar antes de começar a melhorar definitivamente", dizem os analistas.
“Neste contexto, continuamos apostando em setores/ações que oferecem grande visibilidade em seus resultados, que geram muito caixa livre e que oferecem uma política de remuneração atraente para os acionistas. As ações tradicionalmente classificadas como defensivos -saúde, alimentação, telecomunicações e serviços públicos, entre outros -, cuja demanda por produtos e serviços é bastante inelástica, atendem bem a esses critérios. Também acreditamos que o setor de energia está fazendo isso neste momento, enquanto também daríamos uma chance ao setor bancário, desde que a desaceleração do crescimento econômico global seja moderada, já que o aumento dos juros os permitirá pela primeira vez em muito tempo para melhorar suas margens e lucratividade”, concluem.
“Esperamos potenciais modestos para o ano (+10% no caso do S&P 500 e +14% no Eurostoxx 50), que deverão concretizar-se progressivamente à medida que abranda. inflação e vamos ver se os bancos centrais abrandam o processo de subida das taxas”, apontam no Bankinter (BME:BKT).
"É hora de construir a carteira, aos poucos e aproveitando possíveis correções pontuais. Prevemos um ano construtivo para as ações, mas com evolução lenta e alta volatilidade", acrescentam esses analistas.