Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Com a inflação elevada e os riscos subindo nos mercados ao redor do mundo, a renda fixa entra no portfólio dos investidores não apenas como uma proteção, mas também como um caixa para aproveitar oportunidades que devem surgir ao longo do caminho. Pelo menos essa a visão da XP (SA:XPBR31), que tem 52% da sua carteira recomendada para perfil moderado posicionada em renda fixa.
Além da necessidade de manter uma reserva de emergência em ativos de baixa risco, a XP acredita que o investidor pode usar títulos pós-fixados para fazer um caixa. A alta dos juros e os desarranjos provocados pelos conflitos geopolíticos e pela política “zero-covid” na China trazem volatilidade. Assim, a XP diz que é possível usar o dinheiro em caixa para comprar ativos a preços mais interessantes quando a oportunidade eventualmente surgir em meio ao sobe e desce dos mercados.
Esse cenário mais adverso também exige uma maior proteção na carteira e nesse caso, a renda pós-fixada pode ajudar a reduzir os riscos. Como o CDI no Brasil voltou para próximo de 13% ao ano, a renda fixa brasileira se torna uma opção de baixo risco e retorno elevado. A XP ainda projeta que a taxa Selic deve subir a 13,75% nas próximas reuniões do Copom, programada para este mês de junho e agosto.
Esse patamar da Selic deve ser mantido até pelo menos o primeiro trimestre de 2023. Depois disso, a XP enxerga um espaço para uma normalização gradual de juros, até por volta do patamar “de equilíbrio”, entre 7% e 8%, em meados de 2024. A corretora também destaca que por mais que a inflação no Brasil esteja elevada, ela não se compara com a do resto do mundo, onde a diferença entre os juros e a inflação ainda é grande, o que torna o mercado brasileiro mais atrativo.
A XP reforça que o mais interessante é procurar por papéis que estejam atrelados à inflação, como as NTN-Bs, ao invés dos títulos pré-fixados, idealmente com um período de retorno em torno de cinco a sete anos. Isso porque um investimento com taxa de retorno pré-definida pode acabar perdendo para tendência de alta dos juros no futuro próximo.
Outro ponto a ser levado em consideração é que os títulos indexados à inflação mais longos reduzem o risco de reinvestimento do investidor. A XP também explica que como os prazos são maiores, o resultado prático dos juros compostos tende a ser mais benéfico.
Uma carteira moderada
A carteira estrategista da XP, que tem como foco investidores de perfil moderado, entrega à renda fixa um peso importante para o mês de junho. A recomendação é que o portfólio tenha uma participação de 29% de renda pós-fixada e 2% de pré-fixado.
Investimentos atrelados à inflação devem ter um peso de 16%, segundo a carteira da XP, e outros 5% devem ser destinados à renda fixa global.
O restante do portfólio conta com exposições de 24% ao multimercado, 12% de renda variável no Brasil, 7% em renda variável global e 5% em investimentos alternativos.