SÃO PAULO (Reuters) - Os revendedores de veículos do país continuam apostando em um crescimento de pelo menos 12% nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus este ano, motivados pelo panorama de queda de juros e uma demanda que se mostrou robusta no primeiro trimestre.
Dados da federação de concessionários de veículos Fenabrave mostraram nesta quarta-feira crescimento de 13,6% nas vendas de novos em março na comparação com fevereiro e um avanço de 9,1% no trimestre sobre o mesmo período de 2023.
"Estamos mantendo as projeções", disse o presidente da Fenabrave, José Andreta Junior, a jornalistas. "Aquilo que projetamos está acontecendo...Estamos otimistas, teremos um viés (mais) positivo no segundo semestre", afirmou o executivo, citando que as vendas do segundo semestre costumam ser 30% maiores que na primeira metade do ano.
Andreta Junior afirmou que as vendas de março na comparação com o mesmo mês do ano passado caíram 5,6% afetadas em parte por efeito sazonal da Páscoa, que caiu no final de março neste ano, e pela greve de fiscais do Ibama, iniciada no começo do ano e que tem afetado a liberação de veículos importados.
"A greve impactou...Se este carros estivessem liberados acho que estes números (de março) seriam um pouco melhores", afirmou o presidente da Fenabrave.
O executivo citou que o crédito para compra de carros novos segue melhorando e citou dados da operadora da bolsa de valores B3 (BVMF:B3SA3) sobre um crescimento na participação dos financiamentos no total vendido, que passou de 52,6% em fevereiro do ano passado para 56,7% em fevereiro de 2024.
Em março, as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos somaram 187,7 mil unidades, acumulando no primeiro trimestre 514,5 mil veículos, afirmou a Fenabrave.
A previsão do setor dada em janeiro é de crescimento de 12%, para 2,58 milhões de unidades.
Em março, todos os segmentos apurados pela Fenabrave, incluindo motocicletas e implementos rodoviários, mostraram crescimentos na comparação mensal, mas a maioria mostrou quedas ante o mesmo mês de 2023, com apenas caminhões (+3,4%) e motos (+4,6%) exibindo avanços.
"Achamos que o mercado já absorveu o impacto do Euro 6 e acreditamos que o mercado caminhões pode ter um desempenho mais favorável neste ano", disse o diretor executivo da Fenabrave Marcelo Franciulli. O executivo se referiu à nova tecnologia de controle de emissões de poluentes que elevou os preços dos veículos e prejudicou as vendas no ano passado.
Isoladamente, o segmento de caminhões somou 9,7 mil emplacamentos, crescimento de 18,3% na base mensal, reduzindo a queda no trimestre para 5,6%. Andreta Junior mencionou ainda que existe a expectativa de um incremento no valor do Plano Safra e dos juros do programa de financiamento ao agronegócio, o que deve impulsionar a venda de caminhões novos este ano.
Já ônibus tiveram alta de 18,6% ante fevereiro, para 2,05 mil unidades, encerrando o trimestre em queda de 27,9%. Apesar do recuo no acumulado, Franciulli afirmou que a expectativa é de recuperação nos próximos meses, impulsionada por programas federais como o Caminho da Escola. "Essa queda vai se recuperar em maio e junho, em função dos programas do MEC (Ministério da Educação) e (do Ministério) das Cidades. Já estão licitadas 16 mil unidades", disse o executivo.
As vendas de carros e comerciais leves eletrificados --híbridos e totalmente elétricos -- mais do que dobraram no primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, alcançando 36.085 unidades, segundo a Fenabrave.
O movimento foi impulsionado pela importação de modelos antes do aumento do imposto de importação no início deste ano.
(Por Alberto Alerigi Jr.; )