SÃO PAULO (Reuters) - A MRV (SA:MRVE3) teve alta de 18,8% nas vendas líquidas do terceiro trimestre, optando por uma estratégia de favorecer unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em um momento em que a Caixa Econômica Federal paralisou repasses do Minha Casa Minha Vida, informou a construtora de imóveis econômicos nesta terça-feira.
A companhia apurou vendas de 1,395 bilhão de reais de julho ao fim de setembro, enquanto os distratos recuaram para 95 milhões de reais, ante 279 milhões de reais no terceiro trimestre do ano passado. Na comparação com o período de abril a junho deste ano, os distratos caíram 22%.
"Foi observado, no terceiro trimestre, uma longa paralisação nas contratações dos financiamentos à construção e nos repasses das vendas do Minha Casa Minha Vida, que perdurou de 26 de julho a 20 de Setembro", afirmou a MRV em comunicado ao mercado, informando que os repasses foram paralisados por 56 dias.
Devido à suspensão nos repasses do MCMV pela Caixa Econômica Federal no período, a MRV afirmou que optou por realizar as vendas de setembro fora do seu chamado processo de Venda Garantida, em que a companhia contabiliza os negócios somente após o repasse do financiamento.
Apesar disso, a companhia sustenta que os cancelamentos de contratos do período "serão baixos, uma vez que os repasses já foram regularizados e estão sendo feitos rapidamente".
"O motivo desta paralisação foi a falta de recursos da união para arcar com seu percentual de 10% dos subsídios oferecidos aos clientes do MCMV, ainda que os 90% dos subsídios a serem depositados pelo FGTS estivessem disponibilizados", acrescentou a empresa.
Segundo a construtora, durante o trimestre o governo alterou a regra do programa habitacional, retirando obrigatoriedade da União participar dos subsídios no restante de 2019, "garantindo, assim, que não haverão mais problemas desta natureza neste ano".
Diante da situação, a MRV reduziu o número de lançamentos no terceiro trimestre em 3% sobre o mesmo período do ano passado, enquanto na comparação com os três meses imediatamente anteriores a queda foi de 9,9%, para 1,63 bilhão de reais.
"Uma vez que é adotada a política de apenas realizar o lançamento de um empreendimento após a contratação do financiamento à construção, o volume de lançamentos no trimestre teria sido maior, se não fosse o atraso na contratação dos financiamentos à construção ocorridos no terceiro trimestre", disse a empresa.
Em compensação, a MRV elevou o preço médio dos apartamentos lançados em cerca de 10% na comparação anual e em 4,3% sobre o segundo trimestre, para 168 mil reais.
Mas isso não foi suficiente para empresa evitar uma queima de caixa de 200,8 milhões de reais no terceiro trimestre, em meio a um forte ritmo de produção de apartamentos, que atingiu cerca de 10 mil unidades.
(Por Alberto Alerigi Jr.)