SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de cimento no Brasil apresentaram leve recuperação em maio ante abril, mas mantiveram tendência de queda no acumulado do ano, impactadas pela alta dos juros e redução dos lançamentos imobiliários, mostraram dados divulgados nesta quarta-feira pela associação de fabricantes do insumo, Snic.
As vendas do setor subiram 1,2% em maio frente à abril, e 1% na base anual, para 5,6 milhões de toneladas de cimento. No entanto, no acumulado do ano entre janeiro e maio, houve queda de 2,5% nas vendas do insumo.
Na comparação por dia útil, foram vendidas 231,7 mil toneladas de cimento em maio, alta de 3,8% em comparação a abril, e de 1,2% em relação a igual período de 2022.
Em abril, as vendas caíram 11,6% ante o mesmo mês em 2022, para 4,6 milhões de toneladas, enquanto, no acumulado do ano, recuaram 3,4%, para 19,34 milhões de toneladas.
O cenário de alto endividamento e inadimplência das famílias, a taxa de desemprego elevada aliada à lenta recuperação dos salários, diante da incerteza econômica, ainda afetam o setor, disse a associação, citando também os juros altos e a redução de lançamentos e financiamentos imobiliários.
"Ainda que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha crescido 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, a construção caiu 0,8% em igual período", disse a Snic.
A comercialização regional em maio variou na comparação anual, com destaque para as quedas de 1,4% no Nordeste e de 0,9% no Centro-Oeste. A maior alta foi de 8,3%, registrada na região Norte, seguida por Sul e Sudeste, em 3,9% e 1,2%, respectivamente, segundo dados da entidade.
"A persistência da alta taxa básica de juros penaliza a cadeia da construção civil não apenas nas vendas, mas também na geração de emprego, renda e na retomada das obras para o desejável retorno do Brasil ao crescimento", disse o presidente da associação, Paulo Camillo Penna.
Em um aceno ao setor de construção civil, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira a medida provisória que recria o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e o texto será agora encaminhado ao Senado, que precisa aprová-la até a próxima semana para que a MP não perca a validade.
(Por Beatriz Garcia; edição de Patrícia Vilas Boas)