Por Nerijus Adomaitis e Christoph Steitz
STAVANGER, Noruega/FRANKFURT (Reuters) - O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, acusou a Rússia de terrorismo econômico nesta segunda-feira, em meio à disparada no custo da crise de energia da Europa.
Um aumento nos preços do gás à medida que a principal exportadora, a Rússia, corta o fornecimento tem pressionado a empresa de serviços públicos alemã Uniper, levando-a a buscar mais 4 bilhões de euros em linhas de crédito de Berlim, além de um acordo de resgate de 15 bilhões de euros acertado mês passado.
Como responder ao impacto da elevação dos custos de energia para empresas e famílias está no topo da agenda política em todo o continente conforme o outono se aproxima.
A República Tcheca, que detém a presidência rotativa da União Europeia, convocou uma reunião de emergência dos ministros da Energia para 9 de setembro, quando proporá um teto para o preço do gás usado na produção de eletricidade.
"O que está acontecendo é realmente um problema pan-europeu, tem impacto em todos os países, em alguns menos e em alguns mais. E é por isso que estamos convencidos de que a melhor solução é uma solução para toda a Europa", disse o ministro da Indústria tcheco, Jozef Sikela, em entrevista coletiva.
Os preços de energia de referência alemães para 2023 ultrapassaram 1.000 euros por megawatt-hora pela primeira vez na segunda-feira, com as preocupações com o fornecimento mantendo em alta os preços do gás e combustíveis relacionados.
"A Rússia está usando o terror econômico", disse Zelenskiy em uma conferência do setor de energia na cidade norueguesa de Stavanger.
"Está exercendo pressão com a crise de preços, com a pobreza, para enfraquecer a Europa", afirmou Zelenskiy à plateia por meio de um tradutor.
Seus comentários ocorrem no momento em que a russa Gazprom planeja uma manutenção esta semana que interromperá os fluxos de gás ao longo do gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia e a Alemanha através do Mar Báltico.
A interrupção alimentou temores de que a Rússia esteja reduzindo a oferta para pressionar as nações ocidentais que se opõem à invasão da Ucrânia, uma acusação que Moscou nega.
Países como Alemanha e Itália, fortemente dependentes das importações de gás da Rússia para sua energia, vêm aumentando os níveis de armazenamento antes dos meses frios de inverno, quando a demanda atinge o pico.
O ministro da Economia alemão, Robert Habeck, disse que as instalações alemãs de armazenamento de gás estavam mais de 80% cheias e ele espera que os preços recuem. A Itália atingiu um nível semelhante, oferecendo uma proteção contra novos choques de oferta.
A Alemanha passará o inverno melhor do que algumas pessoas pensavam há pouco tempo, disse o chanceler Olaf Scholz nesta segunda-feira.
Habeck também enfatizou que a Alemanha não permitirá que um efeito dominó ao estilo do Lehman Brothers aconteça em seu mercado de gás.
"Prometo em nome do governo alemão que sempre garantiremos liquidez para todas as empresas de energia, que não teremos um efeito Lehman Brothers no mercado", disse Habeck, referindo-se ao colapso do banco de investimento dos Estados Unidos que ajudou a desencadear a crise financeira de 2008.