Por Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - A companhia norte-americana de aluguel de imóveis para temporada Airbnb anunciou nesta segunda-feira que vai excluir anúncios relacionados a ocupações de Israel na Cisjordânia, uma decisão que o governo israelense chamou de "capitulação miserável" a defensores de boicote e que foi comemorada por palestinos como um passo em direção à paz.
A decisão da empresa afeta cerca de 200 anúncios e deve ser executada nos próximos dias, afirmou a Airbnb.
Israel capturou a Cisjordânia na guerra de 1967. Os assentamentos do país na região são considerados ilegais pela maior parte das potências mundiais. Os palestinos consideram os assentamentos, e a presença militar que os protegem, como obstáculos para o estabelecimento de seu Estado.
"Concluímos que deveríamos remover os anúncios em assentamentos israelenses na Cisjordânia que estão no centro da disputa entre israelenses e palestinos", afirmou a Airbnb em comunicado.
"Nossa esperança é que algum dia um acordo seja feito, onde toda a comunidade global esteja alinhada para que haja uma solução para este conflito histórico e um caminho livre para ser seguido por todos."
O ministro do Turismo de Israel, Yariv Levin, classificou a decisão da Airbnb de "mais miserável das capitulações miseráveis aos esforços de boicote".
Falando ao canal de televisão 13, de Israel, o ministro disse que o país não foi informado antecipadamente sobre a decisão e que vai responder por meio de apoio a processos que sejam abertos por donos de imóveis listados no serviço em tribunais nos Estados Unidos.
Waleed Assraf, chefe de um grupo palestino contra os assentamentos que é dirigido pela Organização para Libertação da Palestina, saudou a decisão da Airbnb. Se outras empresas seguirem a decisão da companhia norte-americana, "isto vai contribuir para o atingimento da paz".
A organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) afirmou que a decisão da Airbnb foi tomada na véspera da publicação de relatório da entidade sobre os anúncios de imóveis de temporada nos assentamentos, algo que inclui a companhia norte-americana.
"A decisão da Airbnb de encerrar os anúncios nos assentamentos de Israel é um reconhecimento importante de que tais anúncios não são compatíveis com suas responsabilidades para com os direitos humanos", disse a HRW. "Encorajamos outras companhias a seguirem o exemplo."
Cerca de 500 mil israelenses vivem nas áreas ocupadas por Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, regiões que abrigam mais de 2,6 milhões de palestinos.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447753)) REUTERS AAJ ES