Por Mark Hosenball
LONDRES (Reuters) - Ex-autoridades governamentais e ativistas pelo direito à privacidade estão questionando exigências de ministros da chamada aliança "Cinco Olhos" de que sistemas de comunicação de alta tecnologia deveriam continuar acessíveis para espiões e investigações oficiais.
Uma reunião em Londres entre autoridades de segurança do grupo expressou preocupações nesta semana de que companhias de tecnologia estariam caminhando para "deliberadamente desenvolver seus sistemas de maneira a impedir qualquer tipo de acesso aos conteúdos, mesmo nos casos dos mais sérios tipos de crimes".
O grupo é formado por Estados Unidos, Reino Unido, Austrália, Canadá e Nova Zelândia.
As autoridades envolvidas disseram que as empresas de tecnologia "deveriam incluir mecanismos no desenvolvimento de seus produtos e serviços criptografados, através dos quais governos, agindo com a autoridade legal apropriada, possam obter acesso a dados em um formato compreensível e útil".
Priti Patel, a nova ministra do Interior do Reino Unido, disse que os governos da aliança concordam que as empresas de tecnologia não deveriam desenvolver seus sistemas e serviços incluindo criptografia de ponta a ponta, "de maneira que fortaleça criminosos e coloque pessoas vulneráveis em risco".
Ben Wizner, especialista em legislação de segurança nacional na União norte-americana de Liberdades Civis, disse que a postura anti-critografia tomada pelo Cinco Olhos parece estar direcionada à Apple (NASDAQ:AAPL), que em 2015 entrou em conflito com o FBI sobre o desbloqueio de um celular de um franco atirador.
Wizner disse que qualquer mecanismo de acesso que empresas sejam forçadas a instalar em seus sistemas de criptografia garantirá acesso aos membros do Cinco Olhos à trocas de mensagens particulares. Ele afirmou ainda que governos estrangeiros e agências de espionagem SVR e FSB, da Rússia, teriam causas legítimas para insistir em usar os mesmos mecanismos de acesso.