Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A italiana AlmavivA, terceira maior companhia de centrais de atendimento a clientes do Brasil, se prepara para anunciar a construção de um novo call center no país em 2017, conforme busca ampliar operações no país e na América Latina.
A nova instalação deve gerar quase 5 mil empregos e elevar o quadro de pessoal da companhia a cerca de 37 mil funcionários, afirmou o presidente-executivo da AlmavivA do Brasil, Francesco Renzetti, em entrevista à Reuters.
Segundo ele, o Brasil representa cerca de um terço da receita de sua controladora italiana e o ponto de partida para uma expansão do grupo na América Latina que começou no ano passado com uma operação na Colômbia para oferta de serviços a países de língua espanhola e também para o mercado norte-americano.
Atualmente a empresa presta serviços de atendimento a clientes a partir de centros instalados em Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Guarulhos (SP), Juiz de Fora (MG), Maceió (AL), São Paulo (SP) e Teresina (PI). O local do novo centro não foi informado por Renzetti, mas ele afirmou que o projeto vai consumir investimentos de 40 milhões de reais.
"A assinatura do contrato está prevista para 15 de setembro", afirmou o executivo, acrescentando que as obras devem começar em fevereiro do ano que vem, com previsão de serem concluídas entre maio e junho.
O valor do investimento no novo centro é semelhante ao orçamento previsto para todo 2016, em que a AlmavivA deve contratar cerca de 3 mil funcionários. Até o momento, quase metade dessas vagas foi preenchida, sobretudo na região Nordeste, disse Renzetti. Em 2015, a companhia teve 6 mil contratações no país.
A AlmavivA divulga nos próximos dias resultado auditado do primeiro semestre, mas o executivo antecipou que a receita deve mostrar crescimento anual de cerca de 11 a 12 por cento, com alta de cerca de 13 a 14 por cento na rentabilidade.
Em 2015, a AlmavivA do Brasil teve alta anual de 30 por cento na receita bruta, para 921,5 milhões de reais, com o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) subindo 8 por cento, a 111,8 milhões de reais, apoiada no aumento das operações da companhia e iniciativas de contenção de custos.
Renzetti disse que 70 por cento da receita da AlmavivA Brasil vêm de clientes do setor de telecomunicações, com o restante vindo de setores como bancário, de serviço públicos e transporte.
"Nosso objetivo é chegar a 50 por cento em telecomunicações, sem reduzir os clientes desse setor, mas aumentando as cotas nos outros", afirmou o executivo, destacando contratos já obtidos como o da geradora e distribuidora de eletricidade Light (SA:LIGT3) e da companhia área Latam Airlines.
A companhia está presente no Brasil há 10 anos e Renzetti afirmou que a AlmavivA tem nos planos uma abertura de capital, mas ele ressalvou que um eventual IPO não é algo imediato ou para 2017, mas mais à frente, "depende da economia brasileira, do mercado mobiliário".
Em abril, a Sociedade Italiana para Empresas no Exterior (Simest), que promove o desenvolvimento de empresas italianas fora da União Europeia, comprou 5 por cento das ações da unidade brasileira da AlmavivA por meio de uma capitalização de 50 milhões de reais que avaliou a companhia em 1 bilhão de reais.
Renzetti se diz otimista com o Brasil é observa um clima mais favorável para os negócios, embora ainda não existam evidências concretas ainda de que o futuro será positivo. "Vamos ver depois dessa passagem (do processo de impeachment) se esse otimismo vai se traduzir em ações e reformas, e no sentido de uma estabilidade verdadeira."