Por Irene Klotz
(Reuters) - Cientistas descobriram um planeta que parece ser semelhante à Terra circulando a estrela mais próxima do sol, um grande passo em potencial para se saber se existe vida em outros lugares do universo, mostrou uma pesquisa publicada nesta quarta-feira.
A proximidade relativa do planeta, conhecido como Proxima b, dá aos cientistas uma chance melhor de eventualmente capturar uma imagem dele que os ajude a estabelecer se possui atmosfera e água, que são considerados necessários para haver vida.
Estudos futuros podem revelar se uma eventual atmosfera contém elementos químicos indicadores de vida biológica, como o metano, de acordo com um estudo publicado na edição desta semana do periódico científico Nature.
"A questão central de nossa iniciativa era se havia planetas com potencial para abrigar vida orbitando essas estrelas. Agora sabemos que existe pelo menos um planeta com algumas características semelhantes às da Terra", disse Pete Worden, ex-diretor de alto escalão da Agência Aeroespacial dos EUA (Nasa), em uma coletiva de imprensa pela internet do Observatório do Sul Europeu, durante a qual anunciou a descoberta.
O planeta, localizado a cerca de 4,2 anos-luz da Terra, ou 40 trilhões de quilômetros, é o mais próximo dos cerca de 3.500 planetas que foram detectados fora do sistema solar desde 1995, de acordo com o estudo.
"Esse sistema planetário está muito mais próximo do que qualquer outro que conhecemos, então uma investigação detalhada é mais fácil", disse o astrônomo Ansgar Reiners, da Universidade de Gottingen, na Alemanha, a repórteres em uma teleconferência.
Os astrônomos tiveram a primeira dica de um planeta circulando a pequena e tênue estrela vizinha ao sol em 2013, mas precisaram fazer observações adicionais usando instrumentos mais precisos para poder fazer uma afirmação definitiva.
Uma equipe internacional de 31 cientistas encontrou o planeta depois de medições cuidadosas e repetidas de leves variações na cor da luz vinda de sua estrela anfitriã, a Proxima Centauri, uma estrela pequena e opaca do sistema Alpha Centauri.
As variações, que os astrônomos chamam de "bamboleios", são causadas pela atração gravitacional de um planeta que tem aproximadamente 1,3 vez o tamanho da Terra junto à estrela progenitora. Tomando por base a frequência dos bamboleios, os cientistas determinaram que o planeta circula sua estrela anfitriã em meros 11 dias – a Terra leva 365 dias para circundar o sol.
Isso coloca o planeta muito mais perto de sua estrela progenitora do que a Terra orbita o sol. Entretanto, a Proxima Centauri é tão menor e mais opaca que o sol que a órbita de seu planeta está posicionada favoravelmente para a presença de água líquida, apesar de estar só a cerca de 7 milhões de quilômetros de distância.
"São boas as chances de que ele seja um planeta viável e semelhante à Terra atualmente", afirmou o astrônomo Pedro Amado, do Instituto de Astrofísica de Andaluzia de Granada, na Espanha.
(Por Irene Klotz em Sydney, Austrália; Reportagem adicional de Rosalba O'Brien, em Santiago)