Por Jack Stubbs
LONDRES (Reuters) - Os esforços das campanhas de influência da Rússia para não serem detectadas nas redes sociais antes das eleições dos EUA em 2020 estão minando a capacidade de conquistar seguidores e disseminar mensagens políticas, disse um executivo de alto escalão do Facebook à Reuters.
Usuários de mídia social precisam se destacar da multidão para ganhar força online, mas esse tipo de comportamento também ajuda o Facebook e outras plataformas a identificar atividades suspeitas para analisar sinais de envolvimento estrangeiro, disse Nathaniel Gleicher, chefe de política de segurança cibernética do Facebook.
"Se você faz muito barulho, torna-se viral muito rápido. E é exatamente isso que nossos sistemas automatizados irão detectar e sinalizar", disse ele. "Então, quando os atores têm uma segurança operacional realmente diligente, deliberada e eficaz, isso enfraquece sua capacidade de formar uma audiência".
O Facebook suspendeu na segunda-feira uma rede de contas do Instagram que mirava usuários dos EUA antes da eleição presidencial do ano que vem e estavam vinculados à Agência de Pesquisa na Internet da Rússia (IRA), organização que Washington diz que Moscou usou para interferir nas eleições de 2016.
A última campanha russa postava conteúdo apoiando ambos os lados de tópicos sensíveis como meio ambiente e igualdade de gênero, mas teve dificuldades para atrair seguidores devido às tentativas dos donos das contas de impedir que as contas fossem capturadas e desativadas, disse Gleicher.
Esses esforços incluíam compartilhamento de memes e capturas de tela das postagens de outros usuários, em vez de produzir conteúdo original em inglês, provavelmente evitando erros de linguagem típicos de falantes não nativos, de acordo com a empresa de análise Graphika.
Essa técnica "deu a cada ativo uma personalidade menos discernível e, portanto, pode ter reduzido a capacidade (da campanha) de criar audiência", disse a Graphika.
A rede de 50 contas vinculada ao IRA tinha cerca de 246 mil seguidores, cerca de 60% dos quais estavam nos Estados Unidos, disse o Facebook, sem fornecer detalhes sobre cada conta.