BRASÍLIA (Reuters) - A eventual entrega à francesa Vivendi das ações da Telecom Italia detidas pela espanhola Telefónica seria "um passo" no cumprimento da decisão do ano passado do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse nesta quarta-feira o presidente do órgão brasileiro antitruste, Vinícius de Carvalho.
O grupo espanhol fez oferta de compra da brasileira GVT, controlada pela Vivendi, e uma das formas de pagamento envolveria transferir aos franceses 8,3 por cento de participação na Telecom Italia detida pela Telefónica.
"Eu não sei ainda o quanto a operação reduziria em termos de participação da Telefónica na Telecom Italia, mas do ponto de vista da decisão anterior seria, digamos, um passo", disse Carvalho a jornalistas, durante sessão do plenário do Cade.
O Cade determinou em 2013 que a Telefónica se desfaça de sua participação na Telecom Italia ou encontre um sócio, no Brasil, para a Telefônica Brasil, que opera sob a marca Vivo.
Segundo Carvalho, a análise antitruste de uma eventual compra da GVT pela Telefónica seria desvinculada do caso no Cade que envolve a participação da Telefónica na Telecom Italia, que no Brasil é dona da TIM Participações.
"A decisão do Cade (do ano passado) tem de ser cumprida independentemente de qualquer discussão sobre GVT e Telefónica... Isso não é uma venda casada", disse Carvalho, explicando que o cumprimento da decisão referente à Telefónica e Telecom Italia não pode estar condicionada à aprovação da eventual operação com a GVT.
O presidente do Cade disse que recebeu na terça-feira um telefonema do presidente da Telefônica Brasil, Antonio Carlos Valente, para explicar a oferta de compra da GVT.
"Se a oferta (dos espanhóis) for aceita, eles vão notificar e nós vamos analisar, Sem dúvida será uma análise minuciosa, detalhada", disse Carvalho, que preferiu não fazer comentários sobre os efeitos concorrenciais da eventual operação.
(Por Leonardo Goy)