Por David Ingram e Dustin Volz
SAN FRANCISCO / WASHINGTON (Reuters) - O presidente-executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, endossou nesta sexta-feira a legislação norte-americana para regulamentar anúncios políticos em toda a internet, em uma concessão aos congressistas dias antes de ele depor em duas audiências no Congresso dos Estados Unidos.
Zuckerberg também disse que o Facebook começará a exigir que pessoas que queiram publicar anúncios na rede social sobre questões políticas comprovem a sua identidade e localização. Isso expande um plano anterior para exigir essa verificação direta de anúncios sobre as eleições.
"A interferência eleitoral é um problema maior do que qualquer plataforma, e é por isso que apoiamos a 'lei de anúncios honestos'", escreveu Zuckerberg em um post no Facebook nesta sexta-feira.
Essa legislação foi introduzida em outubro passado para conter as preocupações com cidadãos estrangeiros que usam as mídias sociais para influenciar a política norte-americana, uma questão que faz parte de uma investigação sobre uma possível intromissão russa durante a campanha presidencial dos EUA em 2016.
O Facebook divulgou em setembro que os russos usaram a rede social com perfis falsos para tentar influenciar os eleitores norte-americanos nos meses anteriores e posteriores à eleição de 2016, escrevendo sobre assuntos polêmicos, organizando eventos e comprando anúncios.
Em fevereiro, o conselheiro especial dos EUA Robert Mueller acusou 13 russos e três empresas russas de interferirem na eleição semeando discórdia nas mídias sociais.
A lei vai ampliar a legislação eleitoral existente que cobre emissoras de rádio e televisão para também abranger anúncios pagos na internet e em plataformas digitais como Facebook, Twitter e Google, da Alphabet.
O Facebook anteriormente chegou perto de apoiar a lei, dizendo que queria trabalhar mais com os parlamentares e anunciar tentativas de autorregulação.
Zuckerberg deve comparecer na terça-feira em uma audiência conjunta de dois comitês do Senado dos EUA e na quarta-feira diante de um comitê da Câmara dos Deputados.
Sob a lei de anúncios honestos, plataformas digitais com pelo menos 50 milhões de visualizações mensais precisariam manter um arquivo público de todas as comunicações eleitorais compradas por qualquer pessoa que tenha gastado mais de 500 dólares.
Zuckerberg disse nesta sexta-feira que também quer lançar mais luz sobre "anúncios sobre questões", ou anúncios que discutem um assunto político, mas não se relacionam diretamente com uma eleição ou uma candidatura.
Os anúncios sobre questões são frequentemente publicados por grupos de interesse, organizações de lobby e indivíduos ricos que querem influenciar a legislação ou ter um impacto indireto em uma eleição.
Cada anunciante que deseja veicular um anúncio sobre alguma questão precisará confirmar sua identidade e localização, escreveu Zuckerberg.
(Por David Ingram e Dustin Volz)