Por Pei Li e Brenda Goh
XANGAI (Reuters) - Desenvolvedoras de videogames da China, incluindo as gigantes Tencent e NetEase, anunciaram novos videogames que mostram valores socialistas e temas patrióticos em meio a uma censura estatal mais rígida.
Os jogos foram lançados na maior convenção do setor da China, que terminou nesta segunda-feira. Os títulos apresentados na China Digital Entertainment Expo and Conference, conhecida como ChinaJoy, vão desde aqueles que promovem a cultura nacional até outros que narram a história do país, como "Codename: South China Sea", que permite aos jogadores administrarem uma cidade litorânea situada na dinastia Ming.
A Tencent disse que está colaborando com o jornal estatal People's Daily para lançar um novo jogo, "Homeland Dream", e com o departamento de propaganda do braço Guangdong do Partido Comunista em um título chamado "Story of my Home".
Os jogadores de "Homeland Dream", por exemplo, têm que desenvolver uma cidade que precisará executar políticas como redução da pobreza e redução de impostos, os principais objetivos de Pequim.
O esforço da Tencent para mostrar suas credenciais vermelhas surge no momento em que a empresa foi duramente atingida pelo longo congelamento de aprovações do governo para novos jogos no ano passado. As ações da maior empresa de jogos do mundo caíram mais de 40% em 2018, mas se recuperaram um pouco desde então.
Os novos títulos da empresa marcam seu "desejo de sobreviver e é uma opção comercial muito racional", disse Fang Kecheng, professor assistente na Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade Chinesa de Hong Kong.
"Esses temas às vezes podem ter bom desempenho no mercado, por isso não conflitam totalmente com o interesse comercial."
A principal rival da Tencent, a NetEase, também disse estar fazendo mais esforços para promover a cultura e os valores tradicionais chineses em seus títulos como "Ink, Mountains and Mystery", um jogo de aventura com personagens da mitologia tradicional chinesa.
As empresas de jogos "precisam considerar seriamente os efeitos sociais... e sempre seguir na direção certa quanto à política, valor, conteúdo e qualidade, e nunca fornecer plataformas e canais para visões errôneas e de gosto duvidoso", disse Guo Yiqiang, chefe de publicação do Departamento de Propaganda do Partido Comunista da China.