Por Dan Williams
JERUSALÉM (Reuters) - Israel anunciou nesta segunda-feira que está montando uma comissão estatal de inquérito depois que um jornal noticiou o uso ilícito pela polícia de um poderoso spyware contra confidentes do ex-primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e uma série de outras figuras públicas.
O Pegasus, uma ferramenta de hacking de celular feita pelo Grupo NSO de Israel, foi usado para “phishing de inteligência antes mesmo de qualquer investigação ter sido aberta contra os alvos, e sem mandados judiciais”, disse o Calcalist em uma reportagem sem fontes.
Esses alvos incluíam um filho e dois assessores de Netanyahu --que está sendo julgado por acusações de corrupção--, bem como um co-réu e várias testemunhas e, separadamente, dois ex-funcionários suspeitos de vazamentos para jornalistas, segundo o Calcalist.
Advogados de Netanyahu --que nega irregularidades-- pediram que os processos contra ele sejam suspensos. Mas um porta-voz do tribunal disse que não sabia se tal pedido havia sido apresentado aos juízes, que estavam conduzindo o julgamento na segunda-feira, conforme programado.
O primeiro-ministro Naftali Bennett, que substituiu Netanyahu em junho, considerou as descobertas de Calcalist "muito sérias, se verdadeiras".
"Esta ferramenta (Pegasus) e ferramentas semelhantes são ferramentas importantes na luta contra o terrorismo e crimes graves, mas não se destinam a ser usadas em campanhas de phishing direcionadas ao público ou autoridades israelenses, e é por isso que precisamos entender exatamente o que aconteceu", disse ele em um comunicado.