HAVANA (Reuters) - Agências de notícias online em Cuba estão corroendo o monopólio estatal de mídia da ilha comunista, que já dura meio século, desafiando a versão oficial da realidade.
Embora os baixos níveis de acesso à internet na ilha caribenha limitem o alcance doméstico e os sites independentes não sejam totalmente livres para falar o que pensam, eles estão abrindo uma gama de vozes e incitando um debate sobre o papel da mídia no Estado com partido único.
"A mídia estatal fala sobre coisas com as quais ninguém se importa e esconde a verdade", disse Abraham Jimenez, 27 anos, que cofundou a revista digital "El Estornudo" (O Espirro) em março, junto com amigos. "El Estornudo foi uma espécie de reação a este contexto. Nós queremos contar a verdade".
Embora a constituição cubana proíba grandes veículos de mídia particulares e não existam gráficas para jornais independentes no país, as agências de notícia online até agora tem sido toleradas, desde que não sejam contrarrevolucionárias, um termo nebuloso que geralmente é usado contra aqueles a quem o governo acusa de tentar sabotá-lo.
As novas agências, operadas principalmente por jovens, se distanciaram dos grupos dissidentes. Embora sejam frequentemente críticos de políticos do governo e descrevam em detalhes as dificuldades diárias, elas não pedem o fim do projeto socialista de Cuba.
A abertura é algo emblemático no programa de reforma mais amplo, embora cauteloso, de Raul Castro, que permitiu que os cubanos comprassem celulares e laptops, instalou 200 pontos de wi-fi pelo país e até fomentou o setor privado.
(Por Sarah Marsh; reportagem adicional por Nelson Acosta)