Por Felipe Pontes
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O nome de Marina Silva (PSB) é o mais mencionado no Twitter entre todos os candidatos à Presidência da República, à frente da presidente Dilma Rousseff, que tenta a reeleição pelo PT, apesar de a ex-ministra ter cerca de um terço do número de seguidores da adversária, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pela rede social de microblogs.
Os números sobre o desempenho dos três principais presidenciáveis no Twitter mostram que Marina, com 968 mil seguidores, foi citada 351 mil vezes desde o início da campanha, em 6 de julho, até 21 de setembro. Com 89 mil seguidores, Aécio Neves (PSDB) somou 322 mil menções a seu nome no mesmo período, enquanto Dilma contabilizou 280 mil menções, apesar de possuir mais de 2,8 milhões de seguidores.
"Isso não necessariamente significa que as pessoas apoiam Marina, elas podem estar criticando ela, podem estar falando qualquer tipo de coisa. O que isso mostra de fato é que as pessoas estão falando muito, estão motivadas em participar dessa campanha", disse Adam Sharp, gerente sênior de Governo, Notícias e Inovação Social do Twitter, em entrevista à Reuters.
O dados revelam também que, a exemplo do que fez na candidatura anterior em 2010, Marina tem apostado fortemente em sua presença na Internet como alavanca na corrida ao Planalto. A ex-senadora publicou 1.078 tuítes no período observado pelo Twitter, ante 737 de Aécio e 189 de Dilma.
Isso fez com que Marina se tornasse líder no engajamento de seus seguidores, isto é, no volume de interações em decorrência de seus tuítes. Ela possui o maior número de respostas dadas a suas publicações, indicando ter estabelecido um diálogo direto com o eleitor, além de liderar também no número de retuítes (quando os usuários replicam o conteúdo) e favoritos (quando o usuário põe a publicação em destaque para outros), segundo dados do site de microblogs.
Sharp disse, no entanto, que o levantamento sobre o comportamento dos usuários do Twitter não pode ser confundido com uma pesquisa de intenção de voto, pois não corresponde a respostas dadas a perguntas específicas. O Twitter, para ele, tem a capacidade mais de proporcionar ao público em geral uma plataforma de observação qualitativa sobre a reação do eleitor.
"Por gerações tivemos apenas esse único número (pesquisas de intenção de voto) como meio de percepção sobre a eleição e o movimento de um candidato... Agora temos essa ferramenta que mostra em tempo real, online, conversas que eram normalmente travadas em ambiente privados", disse Sharp. "Funciona mais como um reflexo da dinâmica da campanha, um paralelo das tendências", acrescentou.
Nas intenções de voto, pesquisa Ibope divulgada esta semana mostrou Dilma com vantagem de 9 pontos sobre Marina no primeiro turno (38 por cento a 29 por cento), com Aécio em terceiro (19 por cento). Em simulação de segundo turno, Dilma e Marina estão em empate numérico, com 41 por cento. [nL2N0RO2XZ]
VANTAGEM PRESIDENCIAL
Dentre os três indicadores utilizados para medir a presença dos candidatos no Twitter -menções, engajamento e número de seguidores-, Dilma ainda assegura ampla vantagem em relação à quantidade de novas pessoas que aderem a sua conta por dia: 3,6 mil. Marina registra 1,9 mil novos seguidores diários, e Aécio, 726.
A dianteira da petista nesse quesito, no entanto, foi relativizada por Sharp, sob a explicação de que a maior base de seguidores de Dilma se deve ao fato de ela já ocupar o cargo de presidente, o que faz com que muitos a sigam mais para se manterem informados a respeito de ações de governo do que necessariamente expressarem apoio ou se engajarem na campanha eleitoral.
Em torno de 60 por cento das contas que seguem Dilma são provenientes do Brasil, por exemplo, ante uma média de 90 por cento no caso de Marina e Aécio, disse o executivo. O Brasil está entre os cinco principais países em termos de usuários do Twitter. A empresa lançou suas operações no Brasil, com escritório em São Paulo, em novembro de 2012.
Entre os três candidatos, Aécio é o que mais cresceu em número de seguidores desde o início da campanha, com uma alta de 167 por cento, comparando com 18 por cento de Marina e 11 por cento de Dilma. O alto crescimento do tucano se explica em parte pelo fato de ele só ter entrado no Twitter depois do início da campanha oficial.
Sharp, em sua segunda visita ao país este ano, como parte do objetivo do Twitter de fomentar o uso da ferramenta online no dia a dia da política em países da América Latina, revelou ter se reunido com estrategistas das três principais campanhas à Presidência para discutir as diferentes táticas mais adequadas ao perfil de cada candidatura.
A todos, porém, ele defendeu a mesma máxima: seja você mesmo. "As pessoas têm uma fome de interagir diretamente com seu candidato", disse Sharp.
"Um estudo conduzido por uma universidade do Texas concluiu que a interação direta com o candidato pelo Twitter têm um impacto decisivo sobre a preferência de voto das pessoas... Os usuários são muito bons em identificar quando é o próprio candidato quem está escrevendo."