O Centro de Estudos Estratégicos Internacionais publicou, no fim de agosto, um relatório destacando as vulnerabilidades de países ocidentais caso ocorra um ataque russo à rede de cabos submarinos.
O assunto surgiu depois que o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, o ex-presidente Dmitry Medvedev, disse, em junho, que os cabos submarinos, que permitem 95% da comunicação global via internet, se tornaram um alvo de ataque “legítimo” para a Rússia.
A declaração foi dada depois de suspeitas do governo russo de envolvimento de países ocidentais na explosão do Nord Stream 2, um gasoduto que ligava a Rússia à Alemanha e permitia a exportação de gás.
Segundo o Centro, a fala do ex-presidente russo passaram a ser analisadas de modo preocupante pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a maior aliança militar do Ocidente. Eis a íntegra do estudo (PDF – 7mB, em inglês).
Flickr – Marinha dos Estados Unidos – 14.ago.2013 Homem instalando armadura de aço em cabo submarino de internet no oceano próximo ao Havaí A infraestrutura de cabos submarinos é considerada um ponto de vulnerabilidade crítico do Ocidente. Sem esses fios, acessos a serviços online seriam dificultados e a economia mundial seria afetada negativamente devido à dependência de trocas de informações pela internet.
Medvedev, aliado próximo do presidente Vladimir Putin (Rússia Unida, centro), tem um histórico de declarações inflamadas. Porém, analistas sugerem que essa ameaça não deve ser vista como meramente retórica.
“Se partirmos da comprovada cumplicidade dos países ocidentais na explosão do Nord Stream 2, então não teremos mais restrições — nem mesmo morais — que nos impeçam de destruir as comunicações por cabo do fundo do oceano de nossos inimigos”, afirmou Medvedev.
“A Rússia depende significativamente menos de cabos submarinos do que os Estados Unidos ou a China devido à sua posição como uma potência continental com conectividade de internet para a Europa e Ásia Central e menos foco no comércio internacional. Isso torna a Rússia menos vulnerável a interrupções na infraestrutura de cabos submarinos e potencialmente mais disposta a explorar essas vulnerabilidades em outras nações”, afirma estudo.
A Rússia também tem sido acusada de interferir em sistemas de navegação GPS, afetando rotas de companhias aéreas comerciais. As ações supostamente fazem parte de uma campanha de “zona cinzenta” contra o Ocidente, envolvendo ações encobertas que não chegam ao nível de guerra aberta, mas que têm o potencial de desestabilizar a segurança nacional e econômica, segundo especialistas.