PEQUIM (Reuters) - Sites chineses de vendas online removeram a marca Dolce & Gabbana de seus catálogos como parte da onda de reação a uma série de anúncios que foram classificados como "racistas" por celebridades e nas redes sociais.
A plataforma de comércio eletrônico Kaola, da NetEase confirmou ter removido os produtos da Dolce & Gabbana enquanto a revendedora de artigos de luxo Secoo afirmou que removeu o catálogo da marca na noite de quarta-feira.
Checagens feitas pela Reuters na manhã de quinta-feira mostraram que páginas anteriormente ligadas a produtos da grife nos sites de vendas online sediados pelo Holding do Grupo Alibaba e pela JD.com não estavam mais disponíveis, e as buscas pela marca não apresentavam resultados.
A Alibaba e a JD.com não responderam aos pedidos para comentários sobre o assunto.
No início da semana, a marca emitiu uma série de anúncios nos quais uma mulher chinesa tem dificuldades para comer pizza e macarrão com hashis, o que provocou críticas nas redes sociais.
A gafe foi agravada quando foram circuladas imagens que pareciam mostrar o designer Stefano Gabbana fazendo comentários negativos sobre a China.
O tópico rapidamente viralizou na plataforma chinesa Weibo, similar ao Twitter (NYSE:TWTR), atingindo 120 milhões de visualizações. A marca cancelou seu desfile em Xangai na quarta-feira após a repercussão.
A empresa pediu desculpas em um comunicado no Weibo, dizendo que as contas de Gabbana e da marca haviam sido invadidas.
A Dolce & Gabbana não respondeu aos pedidos de comentário sobre seu catálogo nos serviços chineses de e-commerce.
Celebridades como a estrela de cinema Zhang Ziyi, de "Memórias de uma Gueixa", criticaram a marca, enquanto o cantor Wang Junkai disse que encerrou um acordo onde ele servia como embaixador da marca.
O clamor contra a marca continuou na quinta-feira, com muitos grupos pedindo boicotes à marca.
Uma loja de produtos isentos de impostos no aeroporto da cidade chinesa de Haikou disse no Weibo que retirou todos os produtos da Dolce & Gabbana de suas prateleiras.
A Liga Jovem do Partido Comunista, ala da juventude do partido que governa o país, disse no Weibo que "recebemos bem empresas estrangeiras que queiram investir e se desenvolver na China (...) empresas trabalhando no país devem respeitar a China e o povo chinês".
(Reportagem de Pei Li e Cate Cadell em Pequim)