Por Luciana Bruno
SÃO PAULO (Reuters) - O aplicativo Uber teve cinco vezes mais downloads em São Paulo nesta quarta-feira após taxistas organizarem protestos em cinco cidades do país, afirmou o serviço online que conecta motoristas profissionais e usuários em busca de transporte.
Taxistas organizaram nesta quarta-feira protestos em São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e Belo Horizonte pedindo o banimento do aplicativo. Eles alegam que o serviço promove o transporte ilegal de usuários e afirmam que os motoristas cadastrados pelo Uber não têm licença de taxistas.
Em São Paulo, o protesto reuniu 5 mil taxistas, segundo a Associação Brasileira das Associações e Cooperativas de Táxi (Abracomtaxi), que convocou uma carreata com destino à Câmara dos Vereadores, no centro da cidade.
Criado em 2010 nos Estados Unidos, o Uber permite que o usuário chame um motorista profissional a preços mais acessíveis que o serviços de táxi convencionais.
A empresa não revelou números de usuários no Brasil ou na cidade de São Paulo, mas a associação de taxistas estima que o aplicativo tenha 1,2 mil usuários cadastrados na capital paulista, número não confirmado pela empresa.
Dados sobre performance de downloads do aplicativo nas outras cidades do país onde houve protestos de taxistas ainda não tinham sido computados, informou a Uber.
Em nota com comentários sobre os protestos, a Uber no Brasil disse acreditar que "os brasileiros devem ter assegurado seu direito de escolha para se movimentar pelas cidades".
"A Uber ressalta ainda que não é uma empresa de táxi, muito menos fornece este tipo de serviço, mas sim uma empresa de tecnologia que criou uma plataforma tecnológica que conecta motoristas parceiros particulares a usuários que buscam viagens seguras e eficientes", disse a companhia.
Em seu site, o Uber diz não ser um serviço ilegal. "Trazemos um modelo disruptivo e inovador para o mercado. Por isso, ainda não existe uma regulação específica para esta indústria chamada de 'economia colaborativa'", disse.
Em redes sociais como Twitter, usuários brasileiros defenderam o Uber após notícias sobre as manifestações de taxistas. Alguns disseram que até então não conheciam o aplicativo, mas que fariam o download após os protestos desta quarta-feira.
A companhia norte-americana também está enfrentando investigação do Ministério Público Federal (MPF), que já questionou a Prefeitura de São Paulo sobre a legalidade do serviço, segundo Ivana Crivelli, advogada da Associação Boa Vista de Taxistas, que entrou com a reclamação no MPF. A empresa disse que não iria comentar a investigação.
BRIGA MUNDIAL
As batalhas regulatórias com autoridades locais têm se tornado frequentes para o Uber, que está presente em 295 cidades de 55 países e é a empresa iniciante de tecnologia mais valiosa do mundo.
O Uber entrou com queixas em Bruxelas contra a Espanha e a Alemanha por terem proibido seus serviços, intensificando a batalha da companhia norte-americana em disputas jurídicas pela Europa.
Nos Estados Unidos, a empresa pediu esta semana para um tribunal do país arquivar um processo aberto por uma suposta vítima de estupro na capital indiana Nova Délhi, afirmando que a companhia não poderia ser considerada responsável pelos atos do motorista. Na segunda feira, acusações contra um motorista do serviço na cidade norte-americana de Chicago acusado de estupro no ano passado foram derrubadas.
Para o diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, Ronaldo Lemos, houve casos de cidades que inicialmente proibiram o Uber, mas que posteriormente regularizaram a situação do aplicativo após pressão dos usuários.
"No Brasil, vai ser uma batalha imprevisível. Será interessante para saber em que medida o país tem um ambiente de negócios aberto à inovação", declarou, completando que iniciativas como a do Uber contribuem para melhorar a situação da mobilidade urbana nas grandes cidades.