Trinta ex-líderes de 13 países cobraram nesta 2ª feira (5.ago.2024) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defenda a democracia na Venezuela. Eles pedem que o petista reafirme “seu inquestionável compromisso com a democracia e a liberdade” e faça o regime político prevalecer no país sul-americano vizinho ao Brasil.
As declarações foram dadas em carta divulgada pela Idea (Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas). Para o Itamaraty, o que a carta pede já está sendo feito pelo governo brasileiro em relação à Venezuela, inclusive com o reconhecimento da oposição. No domingo (4.ago), María Corina Machado, uma das principais opositoras de Maduro, agradeceu a Lula por “posições muito firmes” sobre o pleito.
O documento se refere às eleições venezuelanas realizadas em 28 de julho. O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), ligado ao governo venezuelano, declarou que Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda) ganhou, mas a oposição contesta o resultado e fala em fraude.
“Não exigimos nada diferente do que o próprio presidente Lula da Silva preserva em seu país. Esta mensagem que estamos enviando, em essência, nos coloca como porta-vozes dos sentimentos da maioria decisiva dos venezuelanos que hoje veem seus compatriotas, que lutaram ao seu lado, sofrendo prisões, torturas, desaparecimentos e até mesmo a perda da vida”, afirmam.
Na carta, os ex-presidentes também dizem que Maduro usurpou a soberania popular “em conluio com os poderes do Estado”, que, segundo eles, estão a serviço e controle do líder venezuelano.
“[A usurpação] é feita com desprezo pela verdade eleitoral para [Maduro] se perpetuar no exercício do poder e afirmá-lo por meio de uma política de Estado repressiva e de violação generalizada e sistemática dos direitos humanos dos venezuelanos. O que está acontecendo é um escândalo”, afirmam.
Dentre os 30 ex-chefes do Executivo que assinaram a carta estão Mauricio Macri (Argentina), Guillermo Lasso (Equador), Lenin Moreno (Equador), Luis Alberto Lacalle (Uruguai) e Felipe Calderón (México).
LULA E MADURO
Desde que foi eleito para o seu 3º mandato como presidente em 2023, Lula reatou os laços do Brasil com a Venezuela, rompidos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e endossou a imagem do presidente venezuelano perante o mundo.
No entanto, a relação entre o petista e Maduro teve desgastes quando o governante do país vizinho tentou articular a anexação de Essequibo, região do território da Guiana, no fim de 2023.
As eleições venezuelanos fizeram os laços entre os líderes estremecerem novamente na última semana, depois que o presidente venezuelano disse, sem citar Lula, que, quem tivesse se assustado com seu prognóstico de um “banho de sangue” caso fosse derrotado nas eleições, tomasse um “chá de camomila”.
Em 30 de julho, 2 dias depois do pleito venezuelano, Lula disse não haver “nada de anormal” no processo eleitoral. “Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça e a Justiça faz”, afirmou em entrevista.
Segundo apurou o Poder360, o petista ainda não aceitou pedido de telefonema de Maduro. O “gelo” tem o objetivo de evitar mais repercussões negativas para os posicionamentos feitos por Lula a respeito da eleição no país.