Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, alertou nesta terça-feira que usar apenas meios militares para combater a ameaça do Estado Islâmico na Síria pode radicalizar mais os grupos armados sunitas e desencadear mais violência.
"O nosso objetivo estratégico de longo prazo na Síria continua sendo uma solução política", disse Ban ao Conselho de Segurança da ONU.
A ONU está liderando os esforços para acabar com uma guerra civil provocada pela repressão do presidente Bashar al-Assad a protestos pró-democracia há mais de três anos.
"A resposta puramente militar para a nova ameaça viciosa representada pelo (Estado Islâmico) poderia contribuir para a radicalização de outros grupos armados sunitas e desencadear um novo ciclo de violência", afirmou.
O Estado Islâmico tomou grandes faixas de território no Iraque e na Síria e está sendo alvo de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos nos dois países. O grupo militante sunita tem decapitado prisioneiros e afirma que os não-muçulmanos e xiitas devem se converter à sua visão do Islã ou morrer.
"Temos que derrotar (o Estado Islâmico) e outros grupos terroristas. Devemos responsabilizar todos aqueles no regime de Assad responsáveis por atrocidades generalizadas", disse a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Power, ao Conselho de Segurança.
"Mas concordo plenamente com o secretário-geral que uma solução política é absolutamente essencial para combater as causas profundas do extremismo na Síria e para atender às aspirações e reivindicações legítimas do seu povo", declarou ela.
O Estado Islâmico está lutando contra forças curdas pelo controle da estratégica cidade síria de Kobani na fronteira turca.
O enviado da ONU Staffan de Mistura, nomeado por Ban para mediar uma solução política na Síria, alertou que milhares de pessoas poderiam ser massacradas se Kobani for dominada pelo grupo.
"Kobani é apenas um dos muitos lugares em toda a Síria onde os civis estão sob ameaça iminente", disse Ban na reunião do conselho sobre o Oriente Médio, pedindo ao órgão de 15 membros para apoiar plenamente os esforços de Mistura.
A ONU diz que cerca de 3,2 milhões de sírios fugiram da violência que já matou cerca de 200.000 pessoas.