RAMALLAH, Cisjordânia (Reuters) - O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, entrou no seu confronto mais sério com Israel ao assinar o acordo do Tribunal Penal Internacional. A sua decisão na quarta-feira dá à corte jurisdição sobre crimes cometidos em territórios palestinos e pode até mesmo levar a casos contra Israel ou líderes palestinos.
O ex-professor, com quase 80 anos, que faz campanha pela não violência, passou os seus dez anos no cargo tentando controlar grupos armados e formar a sua administração no território ocupado da Cisjordânia.
No entanto, o fracasso das negociações de paz neste ano para estabelecer um Estado próprio ou para interromper a construção de assentamentos israelenses parece ter determinado a sua decisão de que agora é o momento para o que analistas dois lados chamam de conflito por intermédio da lei.
"Tentamos todas as possibilidades de chegar a uma solução com os israelenses e passamos 20 anos em negociações que não terminaram com a ocupação. Então, agora, decidimos pela opção pacífica e legal de internacionalizar o conflito", disse à Reuters Mohammed Shtayyeh, importante autoridade palestina.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, teve nesta quinta-feira uma reunião de emergência com ministros para discutir a decisão de Abbas. Num comunicado, ele pediu que o tribunal rejeitasse a medida palestina.
"Esperamos que o tribunal rejeite sumariamente a ação da Autoridade Palestina, por que a Autoridade Palestina não é um estado, é uma entidade que está aliada com uma organização terrorista, o Hamas, que comete crimes de guerra", afirmou ele.
Negociações mediadas pelos Estados Unidos entraram em colapso em abril, com israelenses e palestinos se acusando mutuamente.
Abbas assinou o tratado do tribunal e outros 20 acordos internacionais, um dia depois que a resolução que pedia o fim da ocupação israelense não teve apoio suficiente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
(Por Noah Browning)