Por Laurie Goering
LONDRES (Reuters) - Um novo acordo global para combater as mudanças climáticas, previsto para ser aprovado em dezembro em Paris, deve ser "o ponto de partida" de esforços mais ambiciosos para afastar o mundo dos combustíveis fósseis, disse a principal autoridade da Organização das Nações Unidas (ONU) para o clima.
"Ao longo dos próximos 50 anos, e o momento é muito importante, temos que transformar completamente a economia global para descarbonizá-la muito, muito profundamente", afirmou Christiana Figueres, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, em uma conferência esta semana em Londres.
Até 30 de novembro, data do início da cúpula do clima em Paris, espera-se que os países que produzem 92 por cento dos gases de efeito estufa que aquecem o mundo tenham apresentado os planos nacionais para reduzir suas emissões e a adaptação às mudanças climáticas, disseram especialistas na reunião organizada pela Chatham House, uma entidade de estudos e consultoria.
Mas esses planos, se totalmente implementados, só iriam deter em cerca de 2,7 graus Celsius o aumento da temperatura mundial até o final do século, ainda bem acima da meta de 1,5 a 2 graus visada pela maioria dos países, disseram os especialistas.
"Paris não é o destino final. Se for alguma coisa, será o ponto de partida", disse Christiana.
A boa notícia é que um número muito maior de países do que o esperado elaborou planos climáticos nacionais, que formarão a base do acordo de Paris. Eles incluem todos os grandes emissores e nações com condições bem distintas, como Omã e no Afeganistão, disse.
De acordo com a representante da ONU, a consciência do custo-benefício de enfrentar as mudanças climáticas está aumentando com grande velocidade à medida que os países e as empresas se deparam com gastos mais elevados decorrentes de condições meteorológicas extremas e outros problemas relacionados com o clima, e também por que a energia renovável, especialmente a solar, está se tornando rapidamente mais barata.
De acordo com Christiana, um acordo em Paris tem que garantir o financiamento adequado para ajudar os países mais pobres a adotar sistemas de energia mais limpos e lidarem com os impactos climáticos, potencialmente um ponto nevrálgico. Nações mais ricas se comprometeram a mobilizar 100 bilhões de dólares por ano por ano para tais fundos até 2020. Ela descreveu esse montante como "ninharia".
Mais importante, disse ela, é garantir que um valor estimado em 90 trilhões de dólares em gastos com infraestrutura planejados para os próximos 15 anos, a maior parte nos países em desenvolvimento, vá para sistemas de energia e transporte de baixo carbono, e as estruturas de construção possam resistir aos impactos previstos das mudanças climática.