Por Roberta Rampton
WASHINGTON (Reuters) - Horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizer que seu advogado Rudy Giuliani não tinha conhecimento direto dos fatos, o ex-prefeito de Nova York divulgou uma nota nesta sexta-feira dizendo que os 130 mil dólares pagos em troca do silêncio de uma atriz de filmes pornô antes da eleição de 2016 não representa uma violação de lei eleitoral.
Na quinta-feira, Giuliani havia ligado às eleições o pagamento feito pelo advogado pessoal do presidente, Michael Cohen, a Stormy Daniels em troca de seu silêncio sobre um encontro sexual em 2006, comentários que levantaram a possibilidade de que a transação teria violado a lei eleitoral federal.
"Não há violação de campanha. O pagamento foi feito para resolver uma alegação falsa e pessoal visando proteger a família do presidente. Seria feito em qualquer caso, fosse ele candidato ou não", disse Giuliani em uma breve nota feita "com a intenção de esclarecer a visão que eu expressei ao longo dos últimos dias".
Em uma entrevista à TV na quinta-feira, Giuliani se questionou o que teria acontecido se a alegação de Daniels sobre o affair tivesse vindo à tona em um debate entre Trump e sua concorrente democrata Hillary Clinton, acrescentando: "Cohen fez isso sumir. Ele fez seu trabalho".
Em comentários a repórteres na Casa Branca antes de embarcar em um helicóptero, Trump pareceu minimizar Giuliani, um ex-promotor federal recém-contratado pelo presidente para representá-lo. Giuliani conduziu uma série de entrevistas à imprensa nesta semana que apenas intensificaram a polêmica envolvendo Daniels, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford, e outros temas.
"Rudy é uma ótima pessoa, mas ele começou há apenas um dia. Mas ele realmente colocou seu coração nisso. Ele está trabalhando duro. Ele está aprendendo o tema", disse Trump.
"Ele vai conhecer os fatos direito", acrescentou Trump, embora ele não tenha especificado a quais declarações de Giuliani, que entrou para a equipe jurídica do presidente em 19 de abril, se referia.
PROCURADOR ESPECIAL
Trump também disse nesta sexta-feira que mudou de posição quanto a possíveis conversas com o procurador especial Robert Mueller, explicando que seus advogados o aconselharam a evitá-las, mas que se submeterá a um interrogatório se este for "justo".
Trump vem repetindo que quer conversar com Mueller, colega republicano que investiga uma suposta interferência da Rússia na eleição de 2016 nos EUA e um possível conluio com a campanha de Trump.
"Eu adoraria falar. Adoraria. Ninguém quer falar mais do que eu... porque não fizemos nada errado", disse Trump aos repórteres na Casa Branca. "Mas tenho que encontrar uma maneira de ser tratado com justiça".
"Se eu achasse que será justo, passaria por cima do meu advogado", acrescentou.