Por Sui-Lee Wee
PEQUIM (Reuters) - Um tribunal condenou nesta terça-feira um dos advogados chineses mais destacados na defesa dos direitos humanos por "incitar ao ódio étnico" e provocar problemas ao postar na Internet mensagens criticando o governo.
A corte aplicou uma pena suspensa, o que significa que não irá para a prisão, mas não poderá exercer a advocacia.
Ativistas disseram que a sentença suspensa de três anos para Pu Zhiqiang, de 50 anos, servirá como um forte lembrete para outros advogados defensores de direitos civis de que o Partido Comunista, atualmente imerso em uma severa onda repressiva contra os dissidentes, não admite desafio às suas regras.
O Tribunal Popular Intermediário número 2, de Pequim, informou que Pu estava sendo punido pelas acusações de "incitar ao ódio étnico" e "criar discussões e provocar", segundo o microblog da televisão estatal CCTV.
De acordo com o advogado de Pu, Shang Baojun, ele foi condenado a três anos de prisão, mas obteve um indulto pelo mesmo período.
A pena suspensa significa que Pu permanecerá sob liberdade condicional formal durante esse período, disseram especialistas legais.
Pu iria ser solto nesta terça-feira, embora possa ser colocado sob "vigilância domiciliar" - uma forma de detenção na China, usada para manter os dissidentes longe dos olhos do público.
Pu já representou muitos dissidentes conhecidos, incluindo o artista Ai Weiwei e ativistas do "Movimento Novos Cidadãos", um grupo que apelou aos líderes chineses para que informassem publicamente sua riqueza. Ele é o mais proeminente ativista afetado pela onda repressiva, que grupos pró-direitos humanos dizem ser a mais severa contra dissidentes em duas décadas na China.
Pu passou quase 19 meses preso antes do julgamento na semana passada, que durou pouco mais de três horas.
(Reportagem adicional de Jason Subler)