CABUL, 26 Mai(Reuters) - CABUL, 26 de maio (Reuters) – O governo do Afeganistão vê com desconfiança Haibadullah Akhundzada, o líder religioso conservador que assumiu a liderança do Taliban no país, avaliando-o como um defensor rígido de uma ortodoxia radical que não deve se mostrar favorável a conversas de paz, disseram autoridades.
Um dia depois de o Taliban afegão anunciar que Akhundzada irá assumir o posto do mulá Akhtar Mansour, morto por um drone (aeronave não-tripulada) dos Estados Unidos no Paquistão, no último sábado, autoridades tentavam nesta quinta-feira formar uma imagem do líder, conhecido por sua aplicação severa da sharia, a lei islâmica.
Em seu papel anterior como um dos principais juízes da insurgência do Taliban, ele foi responsável por ordenar uma série de sentenças de morte contra oponentes de Mansour, de acordo com o general Abdul Razeq, chefe de polícia de Kandahar, terra-natal de Akhundzada.
Autoridades afirmam que ele parece preferir retomar o controle islâmico austero e muitas vezes brutal visto antes de o grupo extremista ser expulso do Afeganistão em 2001 por forças lideradas pelos EUA, algo que seria inaceitável para o governo afegão e seus apoiadores ocidentais.
"Ele é um simples clérigo religioso", disse Haji Agha Lalai, conselheiro do presidente afegão, Ashraf Ghani, acrescentando que Akhundzada irá contar muito com seu vice, Sirajuddin Haqqani, líder da temida rede Haqqani, para tomar decisões referentes ao campo de batalha.
Por hora, o governo afegão e seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não vêem qualquer pausa nos combates, e se preparam para prováveis ataques a bomba enquanto Akhundzada consolida sua posição e demonstra sua determinação para lutar.
"No momento, há apenas especulações sobre o rumo que ele irá tomar", disse o general de brigada Charles Cleveland, porta-voz da missão Apoio Resoluto da Otan. "No curto prazo, porém, não esperamos ver quaisquer mudanças significativas no campo de batalha", afirmou ele a jornalista.
Autoridades do Taliban presentes à reunião na qual Akhundzada foi empossado como líder disseram que sua escolha se deveu, em grande parte, por ele ser visto como uma figura agregadora, que pode sanar as divisões que emergiram no grupo durante o breve período de Mansour no comando.
(Por Hamid Shalizi)