Afegãos expressam preocupação com possibilidade de Trump retirar tropas do país

Publicado 21.12.2018, 10:43
© Reuters. Soldados norte-americanos em Logar, no Afeganistão

Por Hamid Shalizi e Rupam Jain e James Mackenzie

CABUL (Reuters) - Autoridades afegãs e aliados dos Estados Unidos no Ocidente reagiram com preocupação nesta sexta-feira à informação de que Washington planeja retirar mais de 5 mil de seus 14 mil soldados do Afeganistão, após tentativas iniciais de realizar conversas de paz.

Embora fosse cada vez mais aceito em Cabul que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estava impaciente para ver progressos para encerrar a guerra de 17 anos, o comentário de uma autoridade norte-americana de que Trump pretende retirar ao menos 5 mil tropas, somado à renúncia do secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, causou surpresa.

Mattis era visto por muitos no Afeganistão como a figura que garantia o engajamento dos EUA, e sua saída inevitavelmente preocupará muitas autoridades do país.

A notícia surge após uma reunião de dois dias entre o enviado especial dos EUA, Zalmay Khalilzad, e representantes do Taliban em Abu Dabi na qual os dois lados debateram a retirada de forças internacionais e um cessar-fogo em 2019.

Entretanto, como os planos ainda não foram confirmados e outras reuniões na Arábia Saudita são esperadas para o início de janeiro, não ficou claro se uma trégua está próxima e se a notícia sugere um acordo mais abrangente.

"A retirada certamente afetará as operações em geral, mas teremos que esperar e ver quais unidades irão para casa primeiro. É cedo demais para dizer qualquer coisa por ora", disse uma autoridade graduada do governo afegão.

"Dependendo de como o Taliban reagir, o governo pode pedir às forças que reduzam as operações".

Entretanto, Haroon Chakansuri, porta-voz do presidente Ashraf Ghani, disse que a retirada não afetará a segurança em geral porque o papel das forças dos EUA tem sido de assistir e aconselhar as tropas afegãs.

© Reuters. Soldados norte-americanos em Logar, no Afeganistão

Os EUA têm cerca de 14 mil soldados no Afeganistão, como parte de uma missão liderada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) conhecida como Apoio Resoluto, e uma missão de combate ao terrorismo destinada amplamente a grupos militantes como o Estado Islâmico e a Al Qaeda.

Além destes, cerca de 8 mil soldados de 38 países da Apoio Resoluto oferecem treinamento e auxílio às forças afegãs.

Com os insurgentes controlando amplas faixas do país e as forças afegãs mal equipadas sofrendo milhares de baixas por mês, mesmo um recuo parcial dos EUA poderia diminuir o incentivo para o Taliban fazer um acordo e comprometer a disposição das tropas afegãs para lutar.

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