Por Joe Bavier
JOHANESBURGO (Reuters) - A Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) propôs, nesta quinta-feira, um acordo para o cancelamento de cerca de 1 trilhão de dólares em dívidas dos países em desenvolvimento para ajudá-los a superar o impacto da pandemia de coronavírus.
As economias em desenvolvimento, que já estavam enfrentando um fardo da dívida em rápido crescimento, agora devem enfrentar uma recessão global recorde, preços em queda nas exportações de petróleo e commodities e um enfraquecimento das moedas locais.
Ao mesmo tempo, precisam gastar mais dinheiro em cuidados de saúde e proteger suas economias. Atualmente, 64 países de baixa renda gastam mais com o pagamento de suas dívidas do que com seus sistemas de saúde, de acordo com a UNCTAD.
"Este é um mundo em que o default das dívidas dos países em desenvolvimento é inevitável", disse Richard Kozul-Wright, diretor da Divisão de Estratégias de Globalização e Desenvolvimento da UNCTAD, durante uma videoconferência com jornalistas.
Em um relatório solicitando um plano para aliviar a carga de dívida dos países em desenvolvimento, a UNCTAD estimou seus requisitos de liquidez e financiamento devido à pandemia em pelo menos 2,5 trilhões de dólares.
Os países em desenvolvimento de alta renda têm obrigações de serviço da dívida entre 2 trilhões e 2,3 trilhões de dólares apenas em 2020 e 2021, enquanto os países de renda média e baixa têm obrigações de serviço da dívida de 700 bilhões a 1,1 trilhão de dólares.
Depois de despejar cerca de 8 trilhões de dólares em estímulo para suas próprias economias, o grupo dos 20 países mais ricos (G20) concordou na semana passada em suspender os pagamentos bilaterais de serviços da dívida pelos países mais pobres do mundo até o final do ano.
"É empurrar com a barriga", disse Kozul-Wright. "Você amplia o problema e finge que desaparecerá em dois ou três anos se o crescimento aumentar na economia mundial. Não achamos que isso seja crível."
A UNCTAD calculou que a moratória da dívida do G20 cobriria 20 bilhões de dólares em dívida pública para credores bilaterais oficiais. Seriam incluídos 8 bilhões adicionais se todos os credores privados ingressassem na iniciativa e outros 12 bilhões de dólares se todos os credores multilaterais também.
((Tradução Redação São Paulo, 55 11 56447723))
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