VIENA (Reuters) - A independência da agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) é fundamental e esta não aceita a inteligência que lhe é apresentada por seu valor de face, disse a entidade nesta terça-feira em reação à descrição de um "armazém atômico secreto" no Irã feita pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Netanyahu, que se opõe veementemente ao acordo nuclear entre o Irã e grandes potências que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está supervisionando, fez a declaração em um discurso na Assembleia Geral da ONU na semana passada, e exortou a AIEA a visitar o local em Teerã.
Uma autoridade do Departamento de Estado norte-americano respaldou o pedido, mas uma autoridade de inteligência dos Estados Unidos classificou as asserções do premiê como "um tanto enganadoras", acrescentando que a instalação não contém nada que permitiria ao Irã acelerar atividades proibidas pelo acordo.
"A agência envia inspetores a locais e instalações só quando necessário. A agência usa todas as salvaguardas relevantes para informações disponíveis a ela, mas não aceita nenhuma informação por seu valor de face", disse o chefe da AIEA, Yukiya Amano, em um comunicado.
A nota de Amano não se referiu especificamente a Israel ou à sua colocação, mas é seu primeiro pronunciamento público desde o discurso de Netanyahu. Ele disse que a AIEA realizou as chamadas inspeções de acesso complementares, que muitas vezes ocorrem com pouco aviso prévio, em todos os locais do Irã que precisou visitar.
A AIEA vem relatando de forma reiterada que o Irã está implantando as restrições às suas atividades nucleares determinadas pelo pacto, que também suspendeu sanções internacionais contra Teerã.
(Por François Murphy; reportagem adicional de Dan Williams em Jerusalém)