Por Sarah Marsh e Andreas Rinke
BERLIM (Reuters) - O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e líderes da União Europeia denunciaram neste sábado uma onda recente de ataques contra políticos na Alemanha, incluindo o que enviou um membro do Parlamento Europeu ao hospital com ferimentos graves.
Matthias Ecke, 41 anos, membro do Partido Social-Democrata (SPD) de Scholz, foi agredido e chutado na sexta-feira por um grupo de quatro pessoas, enquanto pendurava pôsteres em Dresden, capital da Saxônia, Estado no leste do país, segundo a polícia. Uma fonte do SPD disse que seus ferimentos exigiriam uma cirurgia.
Pouco antes, o que pareceu ser o mesmo grupo atacou um ativista de 28 anos do Partido Verde, que também estava pendurando pôsteres, de acordo com a polícia, embora seus ferimentos não tenham sido tão graves.
"A democracia é ameaçada por esse tipo de coisa", afirmou Scholz em uma convenção de socialistas europeus em Berlim.
Os ataques são exemplos de uma violência maior na Alemanha nos últimos anos, frequentemente da extrema-direita e especialmente contra políticos de esquerda. A agência de inteligência doméstica BfV diz que o extremismo de extrema-direita é a maior ameaça à democracia da Alemanha.
O premiê da Saxônia, o conservador Michael Kretschmer, disse que esse tipo de agressão e tentativas de intimidação lembram o período mais sombrio da história da Alemanha, uma referência ao governo nazista.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, uma ex-ministra conservadora da Alemanha, e a líder italiana do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, condenaram o ataque contra Ecke.
"Os culpados precisam ser responsabilizados", afirmou Von der Leyen no X.
A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, prometeu "ações duras e mais medidas de proteção" em resposta aos ataques.
APOIO DA EXTREMA-DIREITA
Os líderes do SPD na Saxônia, Henning Homann e Kathrin Michel, emitiram um comunicado culpando o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, pelo crescimento da violência.
"Essas pessoas e seus apoiadores têm responsabilidade pelo que está acontecendo neste país", afirmaram.
O AfD não respondeu ao pedido por comentários em um primeiro momento. O partido afirma que é vítima de uma campanha da imprensa e do establishment político.
O apoio ao AfD aumentou ao longo do último ano e levou o partido ao segundo lugar nas pesquisas de opinião nacionais. Ele é especialmente forte nos Estados do leste, como Saxônia, Turíngia e Brandemburgo, onde as pesquisas sugerem que pode chegar em primeiro nas eleições regionais marcadas para setembro.
(Reportagem de Sarah Marsh, Andreas Rinke e Christian Ruettger em Berlim, Reportagem adicional de Kate Abnett em Bruxelas)