BERLIM(Reuters) - O ministro da Economia da Alemanha, Peter Altmaier, criticou duramente as políticas tarifária e de sanções do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dizendo que tais medidas estão destruindo empregos e crescimento e que a Europa não se curvará às pressões dos EUA em relação ao Irã.
Os Estados Unidos desencadearam uma dura disputa comercial com a imposição de tarifas de importação destinadas a proteger os empregos norte-americanos contra o que Trump chama de práticas comerciais desleais da China, da Europa e de outros países.
A determinação de Trump de avançar com as sanções contra Teerã, que também visam empresas europeias que fazem negócios com o Irã, abriu outra frente de batalha.
"Essa guerra comercial está desacelerando e destruindo o crescimento econômico - e isso cria novas incertezas", disse Altmaier ao jornal Bild am Sonntag, acrescentando que os consumidores estão sofrendo mais porque as tarifas mais altas estão elevando os preços.
Altmaier elogiou o acordo alcançado pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, durante as negociações com Trump no mês passado, dizendo que o acordo provisório salvou centenas de milhares de empregos na Europa.
Os EUA e a União Europeia estão envolvidos em uma briga comercial depois que Trump impôs tarifas sobre as importações de alumínio e aço e Bruxelas respondeu com tarifas retaliatórias sobre alguns produtos norte-americanos.
Trump também ameaçou impor tarifas sobre as importações de automóveis da UE, mas chegou a um acordo para adiar a ação depois de se reunir com Juncker na Casa Branca no mês passado.
"O acordo entre a UE e os EUA só pode ser um primeiro passo. Nosso objetivo é uma ordem de comércio global com tarifas mais baixas, menos protecionismo e mercados abertos", disse Altmaier.
Voltando às sanções dos EUA contra o Irã, o ministro disse que a Alemanha e seus aliados da UE vão continuar apoiando as empresas que fazem negócios com o Irã, apesar da pressão dos EUA.
"Não vamos deixar que Washington nos dite com quem podemos fazer negócios e, portanto, vamos nos ater ao Acordo Nuclear de Viena para que o Irã não possa construir armas atômicas", disse Altmaier.
As empresas alemãs devem poder continuar a investir no Irã tanto quanto quiserem, e o governo alemão está procurando maneiras, junto com seus aliados europeus, para garantir que as transações financeiras ainda possam ocorrer, acrescentou.
Várias empresas europeias suspenderam os planos de investir no Irã à luz das sanções dos EUA, incluindo a petroleira Total, bem como as montadoras PSA , Renault e Daimler.
Associações comerciais alemãs alertaram que as empresas estão sofrendo cada vez mais com as políticas de sanções de Trump - incluindo aquelas contra o Irã -, bem como as tarifas que ele está impondo na escalada do conflito comercial com a China.
As disputas comerciais e de sanções estão assombrando as perspectivas de crescimento para a Alemanha, a maior economia da Europa, mas Altmaier disse que espera um forte crescimento este ano devido à demanda doméstica vibrante, ao emprego recorde e ao aumento dos salários.
(Por Michael Nienaber)
((Tradução Redação São Paulo, +5511 5644 7719))
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