Por Thomas Escritt e Stephanie Nebehay
BERLIM/GENEBRA (Reuters) - Alemanha, Itália e França comunicaram nesta segunda-feira que suspenderão o uso das vacinas contra Covid-19 da AstraZeneca depois que vários países relataram possíveis efeitos colaterais graves, embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha dito que não havia ligação comprovada e que as pessoas não devem entrar em pânico.
Dinamarca e Noruega pararam de dar a vacina na semana passada após relatarem casos isolados de sangramentos, coágulos sanguíneos e contagem baixa de plaquetas. Islândia e Bulgária seguiram o exemplo, e Irlanda e Holanda anunciaram suspensões no domingo.
A Espanha deixará de usar a vacina durante ao menos 15 dias, noticiou a rádio Cadena Ser (SA:SEER3) citando fontes não reveladas.
O principal cientista da OMS reiterou na segunda-feira que não houve mortes documentadas relacionadas às vacinas contra Covid-19.
"Não queremos que as pessoas entrem em pânico", disse Soumya Swaminathan em uma coletiva de imprensa virtual, acrescentando que não houve nenhuma associação, até agora, identificada entre os chamados "eventos tromboembólicos" relatados em alguns países e as vacinas contra Covid-19.
As decisões de alguns dos maiores e mais populosos países europeus aprofundarão as preocupações com a distribuição lenta de vacinas na região, que está sendo vitimada por uma escassez devido a problemas na produção de vacinas, inclusive a da AstraZeneca.
Na semana passada, a Alemanha disse que está lidando com uma terceira onda de infecções, a Itália está intensificando lockdowns e hospitais da região de Paris estão próximos da lotação.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse que, embora o risco de coágulos sanguíneos seja baixo, não pode ser descartado.
A França disse que está suspendendo o uso da vacina enquanto aguarda uma avaliação da agência reguladora de medicamentos da União Europeia esperada para terça-feira. A Itália disse que sua interrupção é uma "medida preventiva e temporária" enquanto aguarda o parecer da agência reguladora.
A Áustria e a Espanha pararam de usar remessas específicas, e procuradores de Piedmont, região do norte italiano, já haviam confiscado 393.600 doses porque um homem morreu horas depois de ser vacinado. A Sicília, outra região da Itália, já o havia feito depois que duas pessoas morreram pouco depois de receberem vacinas.
A Organização Mundial da Saúde apelou aos países para não suspenderem as vacinações contra uma doença que já causou mais de 2,7 milhões de mortes em todo o mundo. O chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que existem sistemas em vigor para proteger a saúde pública.
Ele disse que uma reunião de uma comissão de aconselhamento sobre a AstraZeneca acontecerá na terça-feira.
O Reino Unido disse não ter nenhum receio, e a Polônia disse crer que os benefícios superam qualquer risco.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) disse não haver indícios de que os acontecimentos foram provocados pela vacinação e que o número de coágulos sanguíneos relatados não foi maior do que o visto na população geral.
(Por Panarat Thepgumpanat em Bancoc, Andreas Rinke e Paul Carrel em Berlim, Angelo Amante em Roma, Christian Lowe em Paris, Toby Sterling em Amsterã, Jacob Gronholt-Pedersen em Copenhague, Kate Kelland em Londres, Emilio Parodi em Milão, Nathan Allen em Madri e Stanley Widianto em Jacarta)