Por Andrey Sychev e Rachel More
BERLIM (Reuters) - Três alemães foram presos sob suspeita de trabalhar com o serviço secreto chinês para entregar tecnologia que poderia ser usada para fins militares, potencialmente ajudando a fortalecer a Marinha da China, disseram autoridades alemãs nesta segunda-feira.
As prisões ocorreram uma semana depois que o chanceler Olaf Scholz viajou para a China para pressionar Pequim sobre seu apoio à economia russa em tempos de guerra e para levantar questões de roubo de propriedade intelectual e acesso justo ao mercado.
A ministra do Interior, Nancy Faeser, disse que o governo estava monitorando o que ela chamou de uma ameaça significativa representada pela espionagem chinesa nos negócios, na indústria e na ciência.
"Analisamos com muita atenção esses riscos e ameaças e alertamos e conscientizamos claramente sobre eles para que as medidas de proteção sejam aumentadas em todos os lugares", afirmou ela em um comunicado.
Nesse caso, a questão das tecnologias inovadoras alemãs que podem ser usadas para fins militares foi "particularmente sensível", acrescentou.
O ministro da Justiça, Marco Buschmann, disse em um comunicado: "No momento de sua prisão, os acusados estavam em negociações adicionais sobre projetos de pesquisa que poderiam ser particularmente úteis para a expansão do poder de combate marítimo da China".
O Ministério das Relações Exteriores da China e a embaixada chinesa em Berlim não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Os promotores identificaram os suspeitos como Herwig F. e Ina F, um casal que administra uma empresa em Dusseldorf, e Thomas R., descrito pelos promotores como um agente de uma autoridade não identificada do Ministério de Segurança do Estado (MSS) da China.
As prisões foram feitas com base em informações coletadas pela agência de inteligência interna da Alemanha, disseram os promotores.
Na semana passada, a Alemanha prendeu dois cidadãos russo-alemães sob suspeita de espionagem para a Rússia. Eles teriam planejado ataques de sabotagem com o objetivo de minar o apoio militar da Alemanha à Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.