(Reuters) - Um aliado próximo do presidente Vladimir Putin sugeriu nesta sexta-feira o confisco de propriedades de russos que deixaram o país e que "insultam" o Estado e suas Forças Armadas do exterior.
A proposta de Vyacheslav Volodin, presidente da câmara baixa do Parlamento, foi claramente dirigida a figuras da oposição --muitos já designados como "agentes estrangeiros"-- que condenaram a guerra na Ucrânia depois de fugir do país para evitar a prisão.
"Recentemente, alguns de nossos concidadãos consideram possível insultar a Rússia, seus habitantes, soldados e oficiais, e apoiar abertamente vilões, nazistas e assassinos", disse Volodin, os últimos termos referindo-se às forças que Moscou afirma estar lutando contra na Ucrânia.
"O objetivo deles é claro: bajular e tentar manter seu bem-estar no exterior", escreveu ele em seu canal no Telegram.
Volodin disse que as respostas legais existentes para combater o extremismo, "reabilitar o nazismo" ou desacreditar as Forças Armadas --que já é punível na Rússia com multas e penas de prisão-- não são suficientes para lidar com essas pessoas "perversas" que estão no exterior.
"No exterior, eles alugam imóveis e continuam a receber pagamentos às custas dos cidadãos russos. Ao mesmo tempo, eles se permitem jogar sujeira publicamente na Rússia, insultar nossos soldados e oficiais. Eles sentem que estão impunes, acreditando que a Justiça não pode alcançá-los", disse Volodin.
Portanto, é necessário atualizar o código penal com uma cláusula sobre o confisco da propriedade dessas pessoas para compensar os danos que causaram, disse ele. Não ficou claro se tal medida poderia seguir para o Parlamento, ou em quanto tempo isso se daria.
Volodin, de 58 anos, é presidente da Câmara dos Deputados, a Duma Estatal, desde 2016, tendo ocupado anteriormente um cargo importante na administração presidencial.
Como membro do Conselho de Segurança de Putin, ele tem acesso regular ao presidente. Como presidente da Duma, ele garantiu que as principais políticas do Kremlin sejam aprovadas com eficiência pelo Legislativo, incluindo leis que penalizam as críticas à guerra.
(Reportagem de Mark Trevelyan e Jake Cordell)