Por Christian Shepherd
TIANJIN, China (Reuters) - O julgamento de um destacado advogado chinês de direitos humanos acusado de subversão terminou nesta quarta-feira sem que um veredicto fosse anunciado, em uma audiência que a Anistia Internacional chamou de "farsa".
Wang Quanzhang, que assumiu casos delicados, como queixas de tortura policial, e defendeu seguidores do movimento espiritual proibido Falun Gong, desapareceu em agosto de 2015, durante uma ampla operação de repressão a ativistas de direitos humanos.
A maioria dos casos daquela operação foi concluída. Wang, porém, ficou incomunicável durante mais de 1 mil dias, e seu caso atraiu atenção internacional.
Investigadores disseram que "durante muito tempo ele foi influenciado por forças anti-China infiltradas" e que foi treinado por grupos do exterior e aceitou seu financiamento, de acordo com uma cópia do indiciamento vista pela Reuters.
A polícia afastou jornalistas não chineses e diplomatas ocidentais do tribunal fortemente protegido de Tianjin, no norte do país, e proibiu a entrada de apoiadores e familiares de Wang.
O tribunal decidiu, em consonância com a lei, realizar um julgamento fechado, já que o caso envolve segredos de Estado, disse a corte em um comunicado, acrescentando que o veredicto será divulgado em uma data posterior, mas sem dar outros detalhes.
Yang Chunlin, ativista que já foi preso por subversão, se postou diante da corte gritando "Wang Quanzhang é uma boa pessoa" e "Eu apoio Wang Quanzhang" até agentes à paisana o forçarem a entrar em um carro e saírem em disparada.
O indiciamento diz que Wang trabalhou com Peter Dahlin, ativista sueco de direitos humanos que foi detido na China durante três semanas e deportado em 2016, e com outros para "treinar forças hostis" e fornecer reportagens investigativas sobre a China a estrangeiros.
Ligações feitas ao tribunal em busca de comentários adicionais não foram atendidas.
O grupo de direitos humanos Anistia Internacional disse que o julgamento de Wang é uma "armação cruel".
"Este julgamento é uma farsa na qual Wang Quanzhang está sendo perseguido apenas por defender pacificamente os direitos humanos", disse Doriane Lau, pesquisadora da China no grupo.