Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - A primeira disputa para decidir o candidato democrata para a eleição presidencial dos Estados Unidos deste ano, realizada em Iowa, foi ofuscada por problemas tecnológicos que impediram até o momento a divulgação de resultados, tirando dos concorrentes que se saíram bem um momento nos holofotes da mídia e permitindo que outros questionassem a legitimidade de seu desfecho.
Como consequência disso, é discutível quanto ímpeto o vencedor projetado, seja Pete Buttigieg ou Bernie Sanders, ou qualquer outro, terá na próxima primária de 11 de fevereiro em New Hampshire, onde os pré-candidatos já estão em campanha.
Veja como o caucus de Iowa afetou os mais bem colocados.
BERNIE SANDERS
O senador por Vermont foi amplamente visto como o pré-candidato favorito antes das primárias – e os primeiros relatos das zonas eleitorais não contradisseram isso –, mas ele não teve seu momento de glória na noite de segunda-feira, o tipo de coisa que estimula narrativas políticas. E quando os resultados finalmente começaram a ser divulgados, mostraram Buttigieg à frente em equivalentes a delegados estaduais, e Sanders vencendo no voto popular.
Além disso, os apoiadores de Sanders também têm que se preocupar com o fato de que estatísticas sobre o comparecimento levaram a crer que o caucus não testemunhou uma nova leva de eleitores motivados pelo desejo de derrotar o presidente Donald Trump. Ao invés disso, parece que o comparecimento foi semelhante ao de 2016 e que Sanders e outros pré-candidatos não conseguiram ampliar o eleitorado estadual.
Mesmo assim, Sanders chega a New Hampshire como favorito e com a possibilidade de emergir como o mais bem colocado com folga.
JOE BIDEN
Para alguém que diz ser o pré-candidato democrata mais elegível, a quarta colocação apontada até agora é quase catastrófica, já que obrigará Biden a encarar novas dúvidas sobre sua viabilidade.
A campanha de Biden precisa torcer para que a nuvem escura sobre as primárias possa ter ofuscado um pouco o impacto de seu desempenho sofrível, e já se concentra nas disputas de Nevada e Carolina do Sul ainda neste mês, onde eleitorados ricos minoritários podem melhorar suas perspectivas.
PETE BUTTIGIEG
Buttigieg, ex-prefeito moderado de 38 anos de South Bend, em Indiana, surpreendeu muitos com seu ótimo desempenho no Iowa, em parte graças ao seu apelo abrangente em todo o espectro político do partido e com faixas etárias diferentes.
Nos meses que antecederam as primárias, Buttigieg se esforçou especialmente para se promover no Iowa, onde teve uma organização de campanha forte.
Agora o desafio é usar esse sucesso para aumentar seu apelo junto a eleitores minoritários. Neste aspecto, o resultado ruim de Biden em Iowa pode ajudá-lo.
ELIZABETH WARREN
A senadora por Massachusetts conseguiu o que precisava: uma colocação entre os três primeiros, ao menos pelos números disponíveis no momento, o que reafirmou sua posição de pré-candidata de destaque. Mas ela está bem atrás de Buttigieg e Sanders, o que pode prenunciar um caminho duro rumo a New Hampshire e mais adiante.
O maior problema de Warren ainda é Sanders. Ela fica atrás dele em todos os locais onde ele é forte, e também pode ter perdido alguns eleitores de classe alta para Buttigieg nos subúrbios do Iowa.
Mas seu desempenho nesse Estado significa que ela pode levar o argumento de sua elegibilidade de forma convincente a New Hampshire.
MIKE BLOOMBERG
As preocupações com o Iowa tornaram a decisão de Bloomberg de se ausentar desse caucus visionária. O ex-prefeito bilionário de Nova York está destinando recursos nunca vistos aos Estados da Super Terça-Feira, que concedem quase um terço dos delegados que ajudarão a selecionar o indicado democrata, e quanto mais nebulosos forem os resultados das primeiras disputas, mais isso ajuda sua pré-candidatura.
Visando explorar o caos, na terça-feira Bloomberg disse que dobrará imediatamente seus gastos já imensos com comerciais de televisão e que ampliará sua equipe para mais de 2.100 pessoas.
As dificuldades de Biden também podem dar a Bloomberg uma oportunidade de postular com mais ênfase que ele, e não o ex-vice-presidente, é o moderado que é a melhor alternativa para impedir a indicação de Sanders.
DONALD TRUMP
Os tropeços do Partido Democrata em Iowa deram a Trump e seus colegas republicanos um alvo fácil, permitindo-lhes pintar os democratas em geral como burocratas incompetentes.
Em uma semana na qual o presidente foi absolvido no julgamento do impeachment e teve chance de alardear suas conquistas no discurso do Estado da União, os pontos fracos dos democratas pareceram ajudar a colocar Trump em um caminho mais tranquilo rumo à reeleição.