Por James Oliphant
WASHINGTON (Reuters) - Atrás nas pesquisas de intenção de voto a cinco semanas da eleição de novembro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou usar o primeiro debate da disputa presidencial para voltar à corrida na marra.
Interrompendo e trocando farpas com o oponente Joe Biden constantemente, o republicano Trump se esforçou para nocautear o ex-vice-presidente democrata na noite de terça-feira e alterar a dinâmica de uma disputa que está perdendo há meses.
É improvável que ele tenha conseguido, em grande parte por causa de seu próprio comportamento combativo e caótico, mas também porque o encontro repleto de insultos e muitas vezes carente de fatos pode ter deixado muitos eleitores indecisos que assistiam em casa mais desanimados do que envolvidos.
"É duvidoso que este debate mentalmente exaustivo tenha mudado alguma opinião", disse Ron Bonjean, estrategista republicano de Washington que aconselhou a equipe de transição de Trump em 2016. "Cada lado saiu com algo, mas o choque dos ataques pessoais de um contra o outro provavelmente desagradou muitas pessoas."
Trump entusiasmou alguns apoiadores radicais por sua agressividade contra Biden, mas passou pouco tempo tentando persuadir eleitores indecisos --particularmente as mulheres, que têm criticado seu tom e suas táticas-- de que é o melhor candidato para cuidar de questões fundamentais para a eleição, como a pandemia de coronavírus, o sistema de saúde e as relações raciais.
Mas ele conseguiu tirar Biden da zona de conforto em alguns momentos, levando o democrata, que antes do debate prometeu manter a compostura, a rotulá-lo de "palhaço" e de "pior presidente" da história dos EUA.
O debate aconteceu em Ohio, onde Biden fará campanha nesta quarta-feira e que é um dos Estados do Meio-Oeste onde se acredita que a disputa continuará acirrada. Como Biden está avançando sobre a base de Trump em Estados-chave que decidem eleições, o presidente pode ter desperdiçado uma chance de conquistar eleitores dos quais precisa.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos deste mês revelou que quatro de 10 eleitores prováveis brancos sem diploma universitário da Flórida, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin disseram estar apoiando Biden neste ano --mais do que em 2016, quando a candidata democrata Hillary Clinton teve o endosso de cerca de três de 10 brancos sem diploma universitário nestes Estados.
As pesquisas mostram Biden com uma vantagem nacional considerável, mas com uma dianteira menor nestes Estados cruciais.